segunda-feira, dezembro 13, 2010

Ao meu novo Anónimo,

(aquele que me comentou o post chamado "Amor Combate" em segundo) obrigado pelo teu comentário - é bom saber que o blog também tem outro tipo de público. Gostei do teu comentário apesar de ele não ser válido devido a não te teres identificado. Da próxima mais vale dares a cara e tentarmos chegar a algum lado. Já agora, simplesmente da próxima não digas que eu tenho de mudar o modo como vivo, pois os meus Dias de Cão terminaram e sendo assim talvez sejas tu a ter que mudar a tua vida - e talvez aí sejas uma pessoa mais feliz contigo mesmo e segura de ti como pessoa: de forma a não teres que vir dar opinião sobre os outros em anonimato.

Obrigado,

Ricardo Branco

sábado, novembro 27, 2010

Memórias Futuristas #2.06

Assim que ele saiu do elevador vieram-me montes de perguntas à cabeça que queria formular e lançar-lhe, mas acima disso apareceu-me uma dúvida pertinente: como haveria eu de o cumprimentar? E tantas voltas dei à cabeça que antes que queimasse um fusível estendi-lhe a mão para que ele a pudesse apertar. Ignorou-a, vergou-se ligeiramente para a frente e beijou-me a testa (ele sabe perfeitamente como isso me deixa sentir bem) - sem mais demoras deixei-o entrar no apartamento e depois de ele ter dado um olá às miúdas fomos até ao quarto.
Era mesmo esquisito tê-lo ali, de novo num quarto (que mesmo que outro) meu e não o poder ter-me nos seus braços protegido como antigamente... As palavras fartavam-se de me fugir e eu estava com medo de não conseguir dizer nada até ele quebrar o gelo
-Precisava de ver-te, de falar contigo nem que fosse pela última vez...
-Desculpa Rogério, mas não sei mesmo que te dizer. Desculpa teres descoberto da existência do Gerard na minha vida daquela maneira!
-Se não fosse daquela, iria ser doutra e qualquer uma seria má.
-Há uma coisa que tenho de perguntar antes de dizeres porque aqui vieste em concreto!
-Chuta.
E eu queria chutar com toda a força, mas havia algo a prender-me o pé e as palavras ardiam-me na boca sem as conseguir pôr cá para fora.
-A sério, diz lá!
-Tu não mataste o João, ele está vivo!
-Como sabes?
-Ele apareceu na noite de estreia por lá: a pedir que o perdoasse...
-Aquele filho da...
-Ele disse que nunca mais o iria voltar a ver! Mas continuo sem perceber o que aconteceu naquela noite...
-Bem, como percebeste eu nunca o cheguei a matar... Vontade não me faltava mas...
-Mas o quê?
-Depois de te deixar no carro, naquela noite, voltei lá em cima e após três socos contive-me e amarrei-o à cama apenas. No dia seguinte voltei lá para busca-lo e levei-o para ele ser internado numa clínica psiquiátrica. Eu não podia sujar as minhas mãos, eu não sou esse tipo de homem.
-Não entendo!
-O que não entendes?
-Não entendo porque o fizeste morto aos meus olhos!
-Para te proteger Ricardo!
-Mas foi isso que fez com que me afastasse de ti...
-Sim, eu sei. Entende uma coisa: por mais que me custasse, eu preferia perder-te a teres que viver uma vida no teu medo. Tu estavas perturbado, traumatizado até.
-Então, foi tudo por mim?
-Que outra razão? Só tu Ricardo. Eu vivia para ti.
Naquele momento, por mais estúpido que parecesse eu comecei a chorar, porque aquilo que eu via era verdadeiro amor, mais do que alguma vez ele me tinha dado.
-Desculpa ter-te mentido.
E veio abraçar-me e eu a empurra-lo para trás com
-Agora é tarde demais.
Ele não se deu por vencido e
-Volta Ricardo. Vem viver comigo, traz as miúdas contigo!
E eu não podia
-Agora eu tenho o Gerard, se isso significa alguma coisa. Agora a minha vida é aqui e a tua há-de ser sempre em Lisboa.
-Foi por isso que aqui vim hoje.
-Isso o quê?
-Eu fui transferido. Eu vivo cá no Porto agora e estou decidido a lutar tudo de novo por ti, porque aonde tu estiveres é onde a minha vida há-de ser!

in Porto - Memórias Futuristas

segunda-feira, novembro 15, 2010

Memórias Futuristas #2.05

Sim, ali do nada aparecia o Rogério e eu no quarto com o Gerard tão disposto já a esquecer todo o meu passado com esse grandalhão. Se ele estava ali - ainda que eu não fizesse a mínima ideia como - é porque algo há para me dizer e assim de repente eu estava com muita vontade de o ouvir.
Havia simplesmente um problema de percurso: o Gerard ali no quarto já a salivar para me ter na cama às cambalhotas e eu não podia deixar que o Rogério aparecesse ali do nada - já que o o encenador julgava que ele era um simples admirador (se é que ele se lembra sequer dele).
Eu não podia sem mais nem menos pôr o Gerard a mexer daqui para fora do nada (mas o tempo estava a ficar cada vez mais curto e) eu precisava de uma boa desculpa rápido - e já que eu não ovulo ou tenho útero e período menstrual, chegou-me a segunda melhor desculpa à cabeça
-Ai, está-me a doer muito a cabeça de repente!
disse eu com as mãos à testa e os olhos semi-cerrados
-Que se passa?
-Não sei, não sei... Preciso de me deitar.
-Vou-te buscar um comprimido e um chá qualquer...
-Não! Quer dizer, não é preciso... Só quero mesmo descansar.
-Então eu deito-me aqui ao teu lado!
Okay, ele ia ficar ali - não estava a resultar... Até que
-Ricardo, a Ana está a precisar de ti! Julgo que é outra crise...
Era a Raquel que entrava de rompante para "me salvar" (eu já fazia uma pequena ideia de que estas duas estavam por trás do Rogério aparecer ali)
-Vai lá Ricardo, eu espero aqui por ti!
disse simpática e pacientemente o Gerard - ao que a Raquel respondeu
-Não! Aquilo vai durar, desculpem mas é melhor o Gerard ir embora hoje... E pelas escadas que os elevadores andam loucos!
Aquela era escusada, ela não estava a dar pouco nas vistas. A verdade é que não havia nada a fazer e o tempo estava no limite. Despedi-me do Gerard, abri a porta das escadas e assim que o despachei a porta do elevador abriu e o príncipe encantado - tal como nos contos de fadas - voltava agora para mim (mas talvez fosse tarde demais).

in Porto - Memórias Futuristas 2.0

quinta-feira, novembro 11, 2010

Amor Combate .

Hoje escolhi a capa do livro e dei luz verde à impressão! Isto está mesmo a acontecer :)

quarta-feira, novembro 10, 2010

Memórias Futuristas #2.04

Já lá vai uma semana desde a estreia e eu e as miúdas já estamos bem ambientados ao Porto. Em relação a Lisboa isto é muito mais sossegado e seguro e as pessoas são muito mais quentes e simpáticas umas com as outras; além disso estamos a meia hora da nossa querida terrinha e vamos lá sempre que podemos.
Neste momento estamos a dividir um enorme T3 perto da zona do Marquês (e logo, perto de tudo); são uns apartamentos novos e giros e temos um ginásio e tudo. A Raquel traz muitas vezes o Pedro (o namorado) cá para casa e ás vezes é ela que não dorme cá. Agora também estamos perto da Nathalie, das loiras e de muitos nossos outros amigos e fazemos noitadas cá em casa muitas vezes. A Ana está a adorar o curso e portanto nem pensa em rapazes por enquanto - ela sempre foi um anjinho no que toca a essa matéria...
O Gerard está cá em casa muitas vezes e elas já se habituaram a isso, elas até gostam dele - mas não admitem porque têm saudades do Rogério. Falar em Rogério, nunca mais ouvi nada dele desde a noite de estreia - magoa-me tê-lo feito saber das coisas daquela maneira, mas não há muito que eu possa fazer agora, certo? Tentei ligar-lhe duma cabine telefónica há dias só para poder ouvir a voz dele, mas ao que tudo indica ele mudou de número - não deve querer ver-me mais na frente dele alguma vez. Ainda que eu estivesse apaixonado, nunca iria resultar com toda esta distância.
Menti. Eu não tinha ouvido falar do Rogério desde a noite da estreia até agora, estava eu na varanda do quarto a fumar um cigarro com o Gerard, quando vi um Audi Q7 a estacionar à porta do prédio e por mais que eu tivesse a certeza que o Rogério não sabia onde eu morava eu tinha a certeza de quem ali tinha chegado...

in Porto - Memórias Futuristas


Ps: para vos compensar amanhã sairá outro episódio .

segunda-feira, outubro 25, 2010

o Aquário...

...já está a rolar sob os dedos de Ricardo Branco. Acho que veio para ficar: temos segundo livro a ser escrito;

" Eram dezanove horas e sete minutos quando me deparei com o acontecimento que mudaria tudo – talvez achem esta informação desnecessária, mas provavelmente irão entender o porquê da sua relevância mais tarde; quando digo que mudaria tudo, espero fazer-me entender: não falo de algo que mudou o mundo ou de algo que acontecesse à escala global – não, de todo – quando digo que mudaria tudo refiro-me ao importante para esta história, refiro-me simplesmente ao que vos tenho para mostrar e às dezanove horas e sete minutos várias vidas estavam prestes a ser mudadas, permanentemente…"

in o Aquário, por Ricardo Branco

terça-feira, outubro 19, 2010

Memórias Futuristas #2.03

Havia algo que não batia certo. Eu era a presa de novo, mas desta vez eu estava consciente e o meu predador que devia já ter sido abatido insistia em atacar mesmo assim. O meu medo era o reflexo do passado e assim que tomei consciência disso ergui-me perante o João e fiz-lhe frente
-Que estás aqui a fazer?
As palavras nem me tremeram, eu era um homem perante outro igual e desta vez ele não ia conseguir amedrontar-me
-Vim apenas felicitar-te! Quer dizer, queria também pedir-te desculpa por tudo aquilo que fiz: eu estava doente, não tinha consciência daquilo que te estava a fazer... No dia a seguir àquela noite fui internado numa clínica; fui libertado na semana passada. Peço realmente que me perdoes.
Eu estava parvo com tudo aquilo que estava a ouvir - afinal o que tinha acontecido naquela noite depois de eu ficar inconsciente?
-Sabes Ricardo, estava com medo de vir aqui, mas não podia viver bem comigo sem te pedir perdão pelo que fiz. Prometo que nunca mais me voltarás a ver...
Assim que ele disse isto, depois de uma batida na porta o Gerard entrou de braços abertos e deparou-se comigo semi-nu e com aquele desconhecido.
-Quem é este senhor Ricardo?
Perguntou atónito e com o seu sotaque inglês carregado
-Não sei. Nunca o vi na vida Gerard; entrou por aqui adentro... Até me assustei: chama a segurança!
-Não é preciso, eu vou-me embora sozinho. Desculpa Ricardo!
João olhou o chão e saiu com cara de cão abandonado dali para fora deixando a porta aberta atrás de si!
-Há cada coisa!!!
Disse Gerard e abraçou-me de beijos deixando-me todo mimado - e sem que eu reparasse estava ali o Rogério com um ramo de flores a observar-nos. Deixou o ramo cair no chão e foi-se embora esmagado pela visão que acabara de ter.
-Vejo que fazes furor com os homens do público. Tenho de me pôr a pau, já é o segundo este!
E eu quis dizer-lhe que não, que aquele iria ser sempre o primeiro...

in Porto - Memórias Futuristas

domingo, outubro 17, 2010

Querido Anónimo (e outros),

o meu livro ainda não foi lançado. Poderão compra-lo durante o lançamento - que eu referirei aqui onde será, quando e a que horas - ou depois disso. Ele vai estar disponível em livrarias como fnac ou bertrand, mas preferia que procurassem compra-lo directamente a mim: pois terei uma quantidade minha que terei de vender. Obrigado :)

quarta-feira, outubro 13, 2010

Memórias Futuristas #2.02

Volto ao palco com o resto da malta pelos aplausos. A plateia aplaude de pé e percebo que tudo correu pelo melhor... Custou-me arrancar no princípio, mas assim que comecei segui o meu percurso de acordo com o planeado. E pela primeira vez conseguir chorar em cena como jurei não vir a conseguir, mas se chorei não foi por não crêr mais na humanidade, mas por todo o meu passado ter vindo ao de cima e eu me relembrar como é estar apaixonado: o Rogério não tinha o direito de aparecer aqui! Sinto lágrimas de alegria a cair-me pela cara e entendo como é bom ter ali a minha família, os meus amigos e toda a gente que encheu esta sala para presenciar este grande grande momento da minha vida.
Dirijo-me ao meu camarim pessoal desgasto da emoção e começo a tirar a roupa e a coloca-la de lado quando alguém bate à porta. Estou apenas de boxers, mas não é nada que o Gerard nunca tenha visto antes - por isso despacho-me a abrir para que ele me possa elogiar e abraçar. Abro a porta e viro costas para continuar o meu trabalho (e mostrar que achei que correu mal) e ouça a porta a fechar depois de alguém entrar.
-Estás cada vez mais bonito!
E não é o Gerard, mas eu conheço aquela voz e começo a lembrar-me de tudo e em particular daquela voz a gritar-me "Tu és para mim". Começo a tremer, viro-me e deparo-me com o João. Sim, esse João que supostamente o Rogério tinha morto estava agora ali: à minha frente com os mesmos olhos de predador a olhar para mim
-Sabes como eles dizem... "Long time, no see!"
Estou congelado pelo medo que as recordações me trazem e tal como há umas horas atrás "Estou perdido".

in Porto - Memórias Futuristas 2.0

sábado, outubro 09, 2010

Sabiam que...

o meu lindo e querido anónimo voltou? Se estiveres a ler isto, quero que saibas que te adoro por me fazeres comentários tão queridos... Volta sempre!

sexta-feira, outubro 08, 2010

D.I.A.S.

Ainda me fogem as palavras quando penso em ti; não, não gosto de ti da mesma forma que um dia gostei (nem nada que se pareça) mas tenho em mim a certeza que farás parte da minha vida para sempre. Não vale a pena lembrar todos os textos que te escrevi e todas as palavras que alguma vez trocamos, porque essas pessoas já não existem: hoje já não sou o mesmo miúdo que conheceste um dia e não há mais em ti a novidade que um dia me fascinou; no entanto espero que tenhas aprendido algo que a vida te tenha tentado ensinar - talvez um pouco tarde de mais e isso magoa-me: como pudeste tu ser tão egoísta? Hoje já não existe o nosso texto, já não podes contar a toda a gente que um dia tivemos uma vida, uma música e um texto - porque tal como te digo já não somos as mesmas pessoas - perdemos-nos nos trilhos um de outro e hoje quando me perguntam se te conheço sou (conscientemente) obrigado a afirmar que sim, quando ao reflectir percebo que não: não sei mais quem és, não sei o que és tu agora - sei apenas que farás parte de mim: ainda agora e para sempre.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Wassup !

Olá, o meu nome é Ricardo e tenho os dentes pretos derivado de já ter bebido uma considerável quantidade de vinho tinto !


(Só vi isto agora. O Rema, para além de ter estado no meu faces, esteve aqui !)

quarta-feira, outubro 06, 2010

Dia 20 - último

Ora, este dia tinha de trazer a minha música favorita deste ano até ao momento e isso é algo muito complicado de escolher, no entanto cheguei (acho que reasonably) a esta conclusão.

(Não a conheci este ano, mas foi lançada como single este ano - por isso conta na mesma, certo?)



Florence and the Machine (de novo) - Dog Days Are Over

Memórias Futuristas #2.01

Os nervos começavam a crescer dentro de mim. Era a estreia da peça e era um grande passo na minha vida: era agora que eu podia provar ao grande público que era bom nisto... Eu era Jesus Cristo; é uma adaptação diferente da bíblia (um quanto polémica) em que Judas e Jesus são namorados, Maria Madalena é prostituta e melhor amiga de JC e Judas enforca-se não por vergonha, mas porque perde o amor da sua vida. Juro que esta peça poderia ter sido escrita por mim!
O encenador chama-se Gerard: é inglês, um pouco mais baixo que eu, tem olhos azuis e um cabelo curto loiro. É muito bonito e sem ele eu nunca tinha conseguido isto.
O Verão já está a ficar meio apagado, mas foi um grande Verão; estive a trabalhar muito para isto, curti imenso e conheci montes de gente bonita. A Ana está finalmente a começar as aulas no curso que realmente quer, a Raquel tem um namorado que é um querido de um rapaz e o Diogo já passa nas rádios mais ouvidas em Portugal.
Faltam dez minutos para entrar em cena e o Gerard vem desejar-me sorte e acalmar-me: beija-me como só uma pessoa com trinta e quatro anos sabe e diz-me que eu sou a peça dele - que nada fazia sentido sem mim.
Eu e o Gerard "a meio" que namoramos, no início foi só pela sensação de dar uns beijos ao chefe e sentir-me com mais confiança, depois começamos a ir para a cama e agora já dizemos "gosto muito de ti" um ao outro. Tem sido bom para eu me mentalizar que o passado é isso mesmo...
É agora. Há uma luz no palco e eu tenho de a seguir para me localizar ao centro - de túnica branca, cabelo enorme e barba de meses - ali estou eu pronto para começar! Olho a primeira fila: Mãe, Pai, Irmão, Ana, Raquel e mais alguns grandes amigos... A luz dificulta, mas por detrás da Ana consigo ver o grandalhão do Rogério (pela primeira vez desde que tudo acabou) e o meu coração congela e as palavras que eu devia dizer não querem sair. Estou perdido...

in Porto - Memórias Futuristas



Ps: O meu blog há uns meses valentes não consegue fazer o up-load de fotos, alguém consegue me ajudar?

Memórias Futuristas #2.0

3

2

1

Está no ar .

sábado, outubro 02, 2010

Temporada de Inverno a prometer .

Meu amor que eu não sei. Amor que eu canto. Amor que eu digo.
Teus braços são a flor do aloendro.
Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo.
Teus olhos são da cor do sofrimento.

Amor-país.
Quero cantar-te. Como quem diz:

O nosso amor é sangue. É seiva. E sol. E Primavera.
Amor intenso. Amor imenso. Amor instante.
O nosso amor é uma arma. E uma espera.
O nosso amor é um cavalo alucinante.

O nosso amor é um pássaro voando. Mas à toa.
Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa.
Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo.
O nosso amor é como a flor do aloendro.

Deixa-me soltar estas palavras amarradas
para escrever com sangue o nome que inventei.
Romper. Ganhar a voz duma assentada.
Dizer de ti as coisas que eu não sei.
Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada.
Amor-verdade. Amor-cidade.
Amor-combate. Amor-abril.
Este amor de liberdade.


Joaquim Pessoa, Amor Combate


O meu livro deve sair entre este e o próximo mês e Memórias Futuristas estreia terça-feira ! (Claro que é uma temporada de depressão total, mas acho que desta vez vou segurar melhor as pontas e talvez até compre mesmo um guarda-chuva.)

quarta-feira, setembro 15, 2010

Dia 19

Estive muito indeciso para escolher uma música que me fizesse mesmo rir ás gargalhadas (e havia algumas hipóteses para colocar aqui), mas devido a acontecimentos recentes vividos com Ana Marta Branco e João Manuel Nunes optei por esta pérola.



Zézé di Camargo e Luciano - Mudar a Minha Vida

segunda-feira, setembro 06, 2010

a pedido de muitas famílias (e porque era necessário)

Memórias Futuristas arranca com segunda temporada em Outubro de 2010 .

(YEEEEEEEEEEY!!!)

Dia 18

Como eu sempre amei esta música e desde que a conheci no 1.14 de OC ela deixa em mim milhões de emoções a flor da pele: não me importo de ser a última que ouça e que passe no meu funeral (para que ninguém tenha que dizer Farewell).


Finley Quaye - Dice

quinta-feira, setembro 02, 2010

Dia 17

Como qualquer outra pessoa que tenha até hoje entrado neste desafio eu podia vir com o "Ah e tal, eu nunca pensei em casar-me" - mas a verdade é que pensei (e demais até) e esta música vai tocar de certeza no meu casamento.


Nina Simone - My Baby Just Cares For Me

terça-feira, agosto 31, 2010

Dia 16

Para quando estou muito alegre qualquer música de ambos os albúns serviria (salvo raras excepções), mas como quero escolher do dois selos e um carimbo escolhi - na minha opinião - a mais engraçada.


Deolinda - Patinho de Borracha

quinta-feira, agosto 26, 2010

Dia 15

Um música que ouça quando estou triste... Claro que eu tinha de me lembrar do Jeff nesta lista, o Jeff caramba! Não há palavras para o que o Jeff me faz sentir e me ensina - do seu gracioso Grace escolhi esta.


Jeff Buckley - Last Goodbye

Ouvir esta versão também:

Scarlett Johansson

quarta-feira, agosto 25, 2010

Dia 14

Esta é a música que me apetece sempre ouvir quando estou com raiva; conheci-a com o Odete: aquele filme português que eu tanto gosto.



Bright Eyes - a Perfect Sonet

sexta-feira, agosto 06, 2010

já sei como me sinto

Estou feliz. MUITO mesmo. Estive a pensar e a minha vida vai mudar daqui a um mês assim a um nível vertiginoso e o bom de tudo é que todas as pessoas que gosto vêm comigo. Soa-me demasiado bom, mas vamos lá ver como isto corre... Estou cheio de expectativas para este próximo ano lectivo na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, vendo bem:
-Vou viver com amigos, vamos ter a nossa casa
-Vou ser conterrâneo da Ana e do Tiago (o que facilita muito as coisas)
-Vou ser colega do Artur
-A Vera também vem para o Porto
-Todos os meus queridos melhores amigos vão lá estar e a RC vai-nos passar a vida a visitar
-Vou poder ir mais vezes ao teatro e ao cinema
-Vão haver mais noitadas
-Vou desenvolver mais a minha arte de cozinhar
-Vou conhecer montes de gente nova
-Vão aparecer mais oportunidades para agarrar
- e muitas outras coisas que nem me lembro agora

Tenho aprendido muita coisa nestes últimos dias e uma delas é que crescer significa largar algumas das coisas que mais gostamos, mas isso não tem de ser forçosamente algo mau por agora; comecei a escrever um segundo livro, amanhã vou dar um concerto com a banda e tenho os melhores amigos junto a mim neste verão. Sei que muita coisa vai mudar, mas vamos estar lá uns para os outros não é? Resumidamente - estamos todos fodidos à nossa maneira, mas o importante é que estamos juntos.

Dia 13

Uma música do meu álbum preferido... Ora bem, se é o meu álbum preferido qualquer música devia servir, mas pronto: hoje apetece-me esta!


Florence and the Machine - Cosmic Love

quinta-feira, julho 29, 2010

Dia 12

Uma música que me descrevesse não era algo que eu pudesse escolher de ânimo leve, mas lá acabei por me decidir: tive um flash assim que a estava a ouvir e soube com certeza que esta iria ser a ideal.


Metamorfose Ambulante - Raul Seixas

quarta-feira, julho 28, 2010

Como me sinto?

Hoje o meu amigo Luís soube que entrou para a ESMAE - à qual eu também concorri. Eu queria muito que ele entrasse e estou bastante feliz por ele, já eu só vou descobrir em Setembro e até lá a Esperança vai indo e indo cada vez para mais longe. Não sei porquê ao certo que perdi essa tal de Esperança, eu até nem costumo ser desse género de pessoa e muito menos acho que as provas me tenham corrido mal: mas a verdade é que não me sinto especial o suficiente para achar que serei um dos 20 sortudos (aliás, 19 agora - que o Luís já levou um lugar e ainda bem).
Estou a dever 1 euro à Vera e penso em dar-lhe se eu realmente entrar para a escola e realizar este sonho que eu tenho - foi o nosso combinado; estou a dever isto a mim - que esperei tanto tempo para que o momento chegasse e estou a dever a toda a gente que depositou confiança em mim.
Oh, este post é uma bodega tremenda: mas já é tarde demais para o apagar e imaginar que nunca o escrevi. Estou mesmo feliz pelo Luís, espero que a Vânia e a Teresa também consigam um lugar e se eu não chegar a ser colega deles, espero ao menos um dia poder entrar naquela escola como aluno - com outros colegas, outros tremores.
E se a vida não estiver virada para lá agora que eu me entenda na faculdade de Letras, o que importa realmente é que eu seja feliz e tenho a certeza que um dia serei (e quem sabe) a fazer o que mais gosto.

segunda-feira, julho 19, 2010

Ufff!

Não tido tempo nenhum para este meu cantinho, mas eu adoro-o e ele sabe: não sabe? Cutchi, cutchi, cutchi...

Ps: Já vos disse que tenho um anónimo adorável que estimo muito?

terça-feira, julho 06, 2010

Dia 11

Ora bem, ninguém estava à espera que eu gostasse duma música da mamalhuda madrinha da Miley Cyrus pois não? Lá está, mas eu gosto. E bastante.
[Acho que podia ter bastantes aqui: ninguém espera que eu goste de algumas musicas de AC/DC ou até quem sabe de Marilyn Manson]



Dolly Parton - Jolene

sexta-feira, julho 02, 2010

Dia 10

Aos oito anos conheci-a e comecei a querer falar espanhol, até ao dia em que ela lança um álbum em inglês e eu quis falar inglês também; depois comecei a entender o que me fazia gostar tanto dela, desde o tempo em que ela ainda não mexia tanto as ancas e tinha o cabelo preto, ou azul, ou vermelho - compreendi então que gostar dela é gostar de uma mensagem toda. Percebi que ama-la era vê-la como uma inspiração e assim que descobri tudo que havia feito pelo mundo e por todas as crianças que estavam condenadas à morte ou à vida miserável disse "um dia gostava de ser como ela". Podia ter sido uma aleatória de toda a sua vasta e multi-cultural discografia, mas esta tem sido mais especial nos últimos tempos.


Shakira - Obtener un Sí

segunda-feira, junho 28, 2010

Dia 9

Uma música que me adormecesse (no bom sentido) seria esta maravilhosa música que tantas vezes ouvi com os headphones: no escuro e confortante do meu quarto. Espero que gostem desta. Ela é bem importante para mim.


Matthew Ryan - Some Streets Lead Nowhere

sábado, junho 19, 2010

Dia 8

Eu acho que podia dançar com quase qualquer música se fizesse um esforço; no entanto se falássemos num específico estilo eu escolheria esta. Se um dia eu fizer um striptease vai se com esta música de certeza.


I Love Rock n' Roll - Joan Jett & The Blackhearts

Memórias Futuristas #20 - ÚLTIMO

Não dá para acreditar no que tem acontecido.
As aulas terminaram antes de ontem e a vida de toda a gente por aqui mudou. Bem, por onde hei-de começar?
A Raquel sempre foi contra esta mudança para Lisboa: o que ela realmente sempre quis foi ficar no Porto (para estar mais perto de casa e) porque as Universidades são melhores - e vai-se a ver - a miúda com aquela grande média conseguiu transferência para aquela maravilhosa cidade.
Escusado será dizer que a Ana optou por mudar de curso e a consequência disso é que a rapariga também decidiu concorrer para o Porto que é bem mais interessante e sempre poderá assistir a mais jogos de futebol da sua equipa de eleição: também não queria separar-se da Raquel (claro).
Não consigo deixar de mostrar um grande entusiasmo quando falo sobre o Diogo agora - que num mês começou a vender como nenhuma banda em Portugal fazia há algum tempo: para além duma voz incrivelmente sensual, os integrantes da banda são todos uns sexy de meter inveja.
Sim, eu sei que tenho de falar sobre o Rogério. Pronto, já lá vai um mês desde que nos começamos a separar e por mais que ele tenha insistido no início: eu não conseguia aguentar a nossa relação por agora - tudo bem que talvez ele fez aquilo que tinha de ser feito ao João, mas não consigo deixar de vê-lo como o "Padrinho" que poderia tornar-se uma ameaça para todas as pessoas com quem eu estivesse enervado - quer dizer - eu sei que estou a exagerar: mas ele é um assassino, não? Isso mete-me confusão e eu ainda não estou pronto para ter contacto físico com alguém. Não depois daquilo que aconteceu...
É isso. Nós não estamos mais juntos. Claro que isso me deixa triste e claro que talvez o veja ainda na minha vida: mas não agora, não para já ou para daqui a pouco tempo - simplesmente não ia resultar; ainda por cima recebi uma notícia que ia acabar por matar a nossa relação.
Adivinhe-se lá que eu fui convidado para uma mega-produção de teatro a começar em Setembro (que provavelmente vai oferecer-me a projecção que eu queria) e os ensaios começam já daqui a uma semana: no PORTO.
É eu também vou ser transferido para o Porto no próximo ano lectivo e sim, eu basicamente sei que posso estar a perder o Rogério para sempre - mas isso não me está a impedir de seguir o meu sonho agora, logo acho que estou a tomar a decisão correcta em agarrar a oportunidade e deixar a capital para ir para a invicta com as meninas.

As malas estavam feitas, o Diogo soltou umas lágrimas e a Raquel e a Ana estavam meias comovidas e a mim só me apetecia agarrar o chão e ficar nesta cidade que me ensinou a ser independente. Mas agora era tarde demais. Despedimos-nos da próxima grande voz de Portugal com abraços e beijos na testa e entramos naquele comboio em direcção ao Porto. Tinha a certeza duma coisa: para além do Porto, aquele comboio estava a partir para uma nova vida.

in Lisboa - Memórias Futuristas

quarta-feira, junho 16, 2010

Memórias Futuristas - Extra

Memórias Futuristas teve de ser adiado para sexta-feira. Não podem perder o episódio 20, o último que vai trazer de certeza um final inesperado.

Dia 7

Esta foi muito difícil. Uma música que me lembrasse um evento não era algo fácil; depois lembrei-me da Maria a tentar repetir "vagabond in power" quando Nneka o dizia num estado lastimável e consigo rir-me. Foi na Queima deste ano. Tão perigosa esta queima.


V.I.P. - Nneka
(não havia uma versão de estúdio. Desculpem)

segunda-feira, junho 14, 2010

Dia 6

Se há uma específica música que me faz lembrar um específico lugar (mais que as outras) é esta. Lembra-me daquele local em Vila do Conde chamado Mindelo - onde eu já fui tão feliz: que me iniciou nas mais diversas coisas e que tem as melhores festas - para não falar no mítico Club Atlântico ás escuras e no panados. Onde conheci uma grande rapariga e onde é sempre bom voltar para me sentir num mundo mais leve e divertido, ao lado dos melhores amigos de sempre.


Bonde do Rolê - Solta o Frango

sábado, junho 12, 2010

Dia 5

Um dia alguém me mostrou esta música. Era um estranho completo para mim, mas ainda assim me fazia sentir tão eu: tão bem. Os anos passaram e revelou-se uma das pessoas de quem tenho saudades de tempo a tempo - tão especial, tão importante e ainda assim tão irreal, tão distante. Sempre que ouço esta música lembro-me dele (do homem mais sedutor à face da Terra).


dEUS - 7 days, 7 weeks

Dia 4

Uma música que me fizesse triste (entre muitas) devia ser esta de certeza, que já por várias vezes me levou a um estado de lágrimas total. Aqui fica ela.



Led Zeppelin - babe I'm gonna leave you

quinta-feira, junho 10, 2010

Dia 3

Ora uma música que me fizesse feliz pareceu-me ao início uma tarefa muito difícil: pois vários momentos felizes tiveram as suas músicas correspondentes; mas aí lembrei-me de pensar numa música que realmente pela sonoridade e letra me fizesse bem disposto e acima de tudo FELIZ. Pois aí está - escolhi esta.


Patrick Wolf - The Magic Position

Dia 2

Não consigo perceber esta música: é tão feia que dói. Das que saíram nesta última época esta é a que menos gosto. Odeio mesmo.


Edward Maya - Stereo Love

quarta-feira, junho 09, 2010

Dia 1

Tinha de escolher esta. Nunca achei piada à banda, nem a outras músicas para além desta - mas quando me perguntam qual a minha música favorita esta vem-me sempre à cabeça. É triste ser a música mais depressiva que conheço.


Strays Don't Sleep - For Blue Skies

terça-feira, junho 08, 2010

Memórias Futuristas #19


Tinham passado quatro dias desde o acontecimento. A última coisa que me recordo é de me sentir nos braços do Rogério e depois nada: nada mesmo. Quando acordei na manhã seguinte tive uma reacção inesperada - ele estava a agarrar-me contra o corpo dele como se me protegesse do mundo lá fora e eu comecei a espevitar para todo o lado, enquanto o pontapeava e lhe espetava os cotovelos no abdómen; não sei o que me deu, mas eu não conseguia que ele me agarrasse ou tocasse - como se de algum traumatismo se tratasse.
Ele sentiu-se impotente, inútil: feri-lhe todos os sentimentos como se lhe pisasse o coração - mas era algo mais forte que a minha capacidade de controle. Agora nem sei como estamos, ainda não ganhei coragem para perguntar o que aconteceu no resto daquela noite e ele não me tem pressionado com medo que eu tenha um novo ataque de pânico.
Não recebi mais mensagens ou chamadas do João, desapareceu por completo e isso no fundo preocupa-me: porque ainda que o queira ver do outro lado do Planeta Terra tenho medo do que o Rogério possa ter feito.
Nem tudo é mau por aqui: estamos a um mês do final das aulas e a Raquel foi considerada a melhor aluna do curso dela, a Ana já se conseguiu compor melhor e coser de volta alguns dos pedacinhos do seu coração e dentro de dois meses o primeiro álbum da banda do Diogo sai para venda. Estou feliz por eles todos e ainda que nos dois primeiros dias não se falasse do assunto, agora fala-se e têm-me oferecido os melhores apoios que poderia ter arranjado.
Ontem à noite acordei aos berros (nem me lembro do que estava a sonhar - mas faço uma pequena ideia)e alguém ligou ao Roger que se pôs cá num ápice; era de esperar que eu me sentisse melhor, mas não foi isso que aconteceu: acho que algo em mim continua perturbado e parece que há um muro de Berlim segundo entre nós e não nos podemos tocar.
Eu quero falar com ele, quero mesmo perguntar o que aconteceu: até porque me sinto inseguro e amedrontado quando saio à rua - parece que vejo o João em toda a parte e isso não é nada saudável neste momento.
Pedi o carro emprestado ao Diogo com jeitinho e fui até casa do Rogério, ele não esperava ver-me ali (e sinceramente eu nem sei como consegui chegar lá) mas fui e sem grandes rodeios perguntei o que tinha acontecido
-Trouxe-te até ao carro e depois voltei lá em cima...
-E depois?
-Depois descobri que ele tem problemas mentais, que é medicado e que não era a primeira vez que fazia algo assim...
-Houve mais antes de mim?
-Sim, houve. Encontrei fotos de outros e tuas lá em casa. Ele perseguia-te!
-Não posso...
-Talvez os outros não tenham tido tanta sorte como tu.
Houve um grande silêncio entre nós até ele o quebrar e se descair
-Eu só quero o teu bem e magoa-me que já não te consiga proteger: que tenhas medo de mim Ricardo!
Neste momento ele estava a ficar com os olhos cheios de água e isso partia-me o coração
-Que fizeste?
-Fiz o que tinha de ser feito...
-Que fizeste tu?
-Eu tinha de te proteger Ricardo... Eu acabei com ele!

in Lisboa - Memórias Futuristas

20 Days of Songs - Rúbrica de 20 dias


Isto é um desafio roubado daqui (que por sua vez também há-de ter roubado a outro lado e assim sucessivamente), mas que com a devida autorização foi partilhado. Durante 20 dias vou falar-vos de uma música diferente todos os dias de acordo com a instrução - o que vai ser demasiado complicado por vezes decidir. Começarei amanhã a seguir ao penúltimo episódio de Memórias Futuristas. Até já !

Dia 01 - a favorita
Dia 02 - a que menos gosto,
Dia 03 - que me faça feliz,
Dia 04 - faça triste,
Day 05 - lembre de alguém,
Day 06 - lembre de algum lugar
Day 07 - lembre de certo evento,
Day 08 - que possa dançar,
Day 09 - que me adormeça,
Day 10 - da minha banda preferida,
Day 11 - que ninguém espere que eu goste,
Day 12 - que me descreva,
Day 13 - do meu albúm preferido,
Day 14 - que ouça quando estou raivoso,
Day 15 - que ouça quando estou feliz,
Day 16 - que ouça quando estou triste,
Day 17 - que quero que toque no meu casamento,
Day 18 - que quero que toque no meu funeral,
Day 19 - que me faz rir,
Day 20 - a minha música preferida deste ano até agora.

segunda-feira, junho 07, 2010

Alice .


Hoje revi o Alice e foi um murro no estômago como da primeira vez - só que desta vez eu desejei com todas as forças ser um dia tão brilhante actor quão o Nuno é .

terça-feira, junho 01, 2010

Memórias Futuristas #18


Ali estava eu assustado com o barulho que todo aquele bater na porta provocava e mesmo assim pouco me conseguia mexer já; de repente todo aquele esbanjar de som latente na minha cabeça parou - acalmando-me mas ainda assim - despertando-me uma dúvida: porque havia ele parado? A porta estava trancada (isso dava-me uma segurança) e comecei a imaginar que tinha o Rogério ali ao meu lado - a agarrar-me e a proteger-me de tudo isto que me estava a acontecer; sempre me achei capaz de resolver todos os meus problemas, sempre me achei capaz e independente (sem precisar de um namorado que me defendesse), mas desta vez tudo tinha fugido ao meu controlo - desta vez eu não podia fazer as coisas por mim: eu precisava dele e tinha a certeza que nunca o desejei tanto como agora.
O movimento que senti do outro lado da porta fez uma febre subir dentro de mim, (já havia entendido porque o barulho tinha parado!) - ao que parece havia mais que uma chave, ou as fechaduras das portas eram equivalentes - a chave da porta caiu no chão e havia outra a tentar abrir a porta do outro lado: tarefa que foi fácil e rapidamente concretizada.
Éramos dois naquele compartimento e eu mal conseguia vê-lo (ao longe, enevoado)
-João, por favor...
Assim que disse isto levei uma patada na barriga do pé dele e encolhi-me como um bicho de conta ou como um feto dentro da sua bolsa; depois desta veio outra e outra e outra ainda, sentia alguma dor ainda que o meu corpo estivesse meio anestesiado
-É para aprenderes a não seres mau para mim Ricardinho...
Senti-o puxar-me o cabelo em direcção a ele e a lamber-me a cara como se do meu cão se tratasse, senti-o a manejar o meu corpo mole com movimentos bruscos e mandando-me contra a parede vezes que não me consigo recordar e gritando-me sempre
-Até perceberes que este agora é o lugar onde pertences!
Assim que me começou a puxar os calções fora e comigo já meio a dormir ouviu-se um grande encontrão na porta de entrada, ouviram-se dois, ouviram-se três e por fim ouviu-se a porta a ceder com a facilidade com que acontece nos filmes e senti as mãos do João saírem de cima de mim, senti uns braços erguerem-me no colo e lembro-me ainda de ver a figura do Rogério a acartar-me para fora de todo aquele cenário. Os lábios dele tocaram-me e caí desmaiado ao som das suas palavras
-Eu vou tirar-te daqui Ricardo, eu vou mata-lo por ti...

in Lisboa - Memórias Futuristas

sábado, maio 29, 2010

Grace .


Jeff, everybody here wants you .
Quero dizer-te que - há 14 anos atrás - ainda era cedo demais .

terça-feira, maio 25, 2010

Memórias Futuristas #17


Comecei a sentir uma onda de pânico dentro de mim e fiquei estático - assim que consegui peguei no meu telemóvel atrás das costas e enviei a mensagem que tinha guardado nos Rascunhos com a morada ao Rogério para que ele me pudesse vir buscar o mais rápido possível. Assim que o João reparou tirou-me o telemóvel da mão com facilidade (que a minha força começava a ficar escassa) e nem tenho a certeza que consegui fazer a mensagem chegar
-Vou embora João. Acabamos isto noutro dia...
-Não me parece que vás a lado algum Ricardo!
Quando disse isto atirou-se para cima de mim e começou a apalpar-me as pernas e a beijar-me o pescoço - tentava ao máximo soltar-me dele, mas não conseguia
-Porque me estás a fazer isto?
-Assim que encontrei o teu blog por um acaso soube que te queria para mim e tens de ser meu, entendes?
-Que estás a querer dizer?
-Nunca houve editora nenhuma Ricardo. Através do teu blog descobri que tinhas escrito um livro e daí a arranjar o teu número ou morada foi muito fácil.
-Tu és louco. Larga-me!
-Eu tentei ser um sedutor, tentei trazer-te a bem, mas tu não me deixavas.
-Então decidiste drogar-me?
-É para o teu bem!
Com alguma da força que me restava dei-lhe uma joelhada bem no meio das pernas que o fez ganir e cair para o lado; comecei lentamente e com alguma dificuldade a dirigir-me para a porta - mas estava trancada e não havia chave.
Ele estava a levantar-se e a vir em direcção a mim com alguma fúria aparente e eu que não podia das pernas fui de gatas (perdendo a força nos braços por vezes) para a casa-de-banho.
Não consegui chegar a tempo e ele agarrou-me o cabelo puxando-me para ele e fazendo-me gritar de dor, agarrou-me a t-shirt e rasgou-a sem hesitar e eu assim que pude dei-lhe uma dentada na mão que quase lhe arrancava um dedo fora. Aproveitei a distracção e tranquei-me na casa-de-banho com sucesso desta vez.
Ele gritava do outro lado, queria que eu abrisse a porta e eu estava a ouvi-lo cada vez mais longe - os meus sentidos perdiam agora afinação. Não tinha telemóvel, não tinha o Rogério, não tinha ninguém e quando o desespero me preencheu não consegui evitar as lágrimas de Medo.
Perdi o controlo sobre mim e deixei-me cair sem forças no chão de azulejo.

in Lisboa - Memórias Futuristas

terça-feira, maio 18, 2010

Memórias Futuristas #16


O público estava ao rubro - não era como nas outras noites apagado: era barulhento, activo e participativo e alguns da primeira fila até sabiam algumas das letras de cor. No final ele era uma pessoa mais feliz (mais realizado) - havia uma mulher loira que o esperava com um cartão de visita
-Contacta-me
Leu o cartão. Era uma editora que estava interessada neles (faltou pouco para saltar de alegria, mas por responsabilidade não o fez). Enquanto o Diogo se tornava iludido com tudo que estava para vir, eu estava no outro lado da cidade a tentar fazer-me entender ao João (que talvez tenha interpretado mal as minhas intenções)
-Eu sei que me desejas, mas não queres desiludir o teu namoradito
-Não João, eu não quero nada contigo a não ser uma coisa estritamente profissional. Começo a ficar cansado que não entendas, porque se assim for pego no meu livro e levo-o a outras freguesias.
-Pronto, pronto. Não quero que percas a oportunidade. Aceitas uma Margarita?
Lá aceitei. Os morangos e o champanhe estavam a ser digeridos já e uma Margarita não me ia embebedar - bebo uma, assino o contrato e ponho-me a andar.
Lá veio ele com a bebida e com a pilha de nervos que estava mandei-a quase toda duma assentada - mas não era desta que ele trazia o contrato: estivemos à conversa. Falamos sobre a capa, falamos do sucesso, falamos de dinheiro e da responsabilidade do acontecimento - se houver sucesso com o primeiro há prazos para entregar o segundo.
Comecei a relatar com a conversa, mas comecei a sentir o relaxamento exagerado, comecei a sentir as pernas leves e a cara dormente, o chão fugia ás voltas e a cabeça pesava-me
-Estás bem Ricardo?
Não, eu não estava nada bem
-Que me fizeste?
-Pensei que uma pessoa como tu sabia que não se deveria aceitar uma bebida que não se viu ser preparada
E dito isto riu-se vitorioso olhando para mim como um predador olha a sua presa.

terça-feira, maio 11, 2010

Memórias Futuristas #15


Havia uma grande ansiedade dentro de mim para que a noite chegasse e era normal - estava a cerca de umas horas de realizar um sonho antigo meu (que até já estava empoeirado dentro de uma gaveta) e nada me podia manter calmo e quieto agora.

Para contrariar o que vocês estavam à espera: eu não menti ao rogério nem tentei esconder aquilo que ia fazer esta noite; foi dificil explicar-lhe porque tinha de ir sozinho, mas ele está realmente a tentar manter esta sua nova versão de mais tolerante em relação ao João e lá acabou por aceitar que eu fosse por mim próprio fazer isto.

Para além de uma grande ansiedade eu continuava com uma grande dúvida em mim: quem foi o meu querido amigo ou amiga que teve a magnífica ideia de ligar à editora? Quero que essa pessoa saiba que eu estou mesmo muito agradecido e que o venero muito, porque no fundo sem esta ajudinha eu nunca teria conseguido.

A Ana Luísa tentou ficar contente por mim, (mas nada a alegra muito nos últimos dias); já a Raquel anda radiante com a ideia e faz questão de contar a toda a gente que finalmente o meu livro vai sair para o mercado.

O João enviou-me uma mensagem com a morada da casa dele e eu guardei nos rascunhos para mais tarde usar. Jantamos em casa e hoje o Diogo sentou-se à mesa connosco, arranjou um concerto num bar do Bairro Alto e tem cada vez mais aderência por parte do pública ás músicas da banda dele - ao que parece toda a gente aqui por casa está Feliz excepto a Ana: temos de ver se fazemos alguma coisa para ver se a animamos.

No final do jantar apanhei um táxi e dei-lhe a morada para onde tinha de me levar e assim que chegamos entendi que aquele se tratava de um condomínio especial...

Toquei à campainha e logo apareceu o João para me atender - somo se estivesse mesmo à minha espera - subimos no elevador com uma conversa casual até chegarmos ao 3ºAC e deixei-o abrir a porta: era uma casa linda e decorada com o melhor gosto; dirigimo-nos à sala e ali sobre a mesa havia umas espetadas de morangos com chocolate e um garrafa de champanhe acompanhada de dois copos: eu não queria acreditar.

-Temos de festejar o novo best-seller nacional, não é?

Engoli em seco. Talvez ele não teivess entendido tão bem assim o telefonema de ontem.


in Lisboa - Memórias Futuristas



terça-feira, maio 04, 2010

Memórias Futuristas #14


Tal como o prometido é devido hoje vou ligar ao João e explicar-lhe que a nossa relação é estritamente profissional. Tenho andado cansado com tudo às voltas na minha cabeça mais o trabalho cada vez mais exigente na escola - fui destacado como uma aposta promissora e não quero desiludir.
A Raquel está com altas notas, ando muito orgulhoso dela e pelos vistos ela realmente conheceu um rapaz (o problema é que o miúdo é do Porto - e isso deixou-a um pouco em baixo).
A Ana está desolada: apanhou umas mensagens do homem das bolas com uma fã bastante intimas e a coisa deu para o torto. O filho da mãe deu-lhe cabo das estribeiras do coração e ela andou aí uns dias a suspirar pelos cantos. Para além de estar desiludida com o curso aconteceu-lhe esta - então agora fazemos os três reuniões de balde de gelado enquanto assistimos à oitava temporada de One Tree Hill.
O Diogo com aquelas coisas dele não o tenho visto - ele agora canta e toca guitarra numa banda - nunca vos cheguei dizer que ele tem uma voz muito sexy!
Bem, não posso adiar mais isto. Marquei o número
-Estou? - atendeu com uma voz alegre
-Sou eu João...
-Sim, eu percebi. Passa-se alguma coisa?
-Bem eu estou meio envergonhado...
-Tem a ver com aquela mensagem?
-Sim, tem! Eu queria dizer-te que...
-Diz lá! - ele estava entusiasmado
-Não quero que continues com ilusões! Eu gosto muito de ti como pessoa, mas só podemos ser amigos no máximo!
-Hmm
-Não leves a mal!
-Não, claro que não... Tenho uma novidade!
-Que foi?
-Acabei de ler o livro, vamos para a frente com isto!
-Sério? - estava tão feliz...
-Bem, sim! Quero que venhas amanhã a minha casa à noite assinar o contrato.
-Sim, eu vou até aí...
-Tens é de vir sozinho, sinto-te nervoso com o teu namoradito ao lado e é para analisares bem tudo.
-Hmm, pronto. Está bem. Então amanhã lá estarei, combinamos melhor durante a tarde.
-Perfeito! Mal posso esperar...

in Lisboa - Memórias Futuristas

segunda-feira, maio 03, 2010

Top3


Hey there miúdas,
esta semana prolongada deveu-se a acidentes de percalço mas está tudo em ordem.
Esta semana duas de vocês portaram-se muito mal e duas muito bem e merecem ser discriminadas sendo assim:
Ana Paula
Vera Lúcia
estiveram em alta, enquanto que a
Maria
Vera
not so much.
Quero desde já dizer que todos os filmes mencionados nas provas eu já tinha visto
à Ana Paula digo que este é um filme de que gosto muito
à Vera Lúcia digo que este borracho do filme entra na em One Tree Hill a partir da sétima temporada.
Agora vamos ao que importa - das duas meninas mal comportadas, quem terá de nos abandonar é a Maria esta semana e sabe muito bem porquê!
Obrigado pela tua participação até agora...
Para esta semana as meninas terão de tirar uma foto original em que algum pormenor se nota que é desta semana - puxem pela cabeça.
Aqui vos deixo a prova vencedora
"Big Fish

Acreditas que o teu futuro está cartografado? Ou tudo isso não passa de um mito que preocupa a tua imaginação? A tua lucidez começa quando acaba o sonho? Não fará o sonho parte das nossas memórias? O que é real? O que é fictício?

A vida é tanto mais bela quanto mais forte for o sentido das palavras que dela ficam. Um corpo será sempre um corpo, o que torna o homem grandioso é a sua capacidade de respirar para além desse corpo, de trepidar corações com a alma, de fazer chorar os olhos daqueles que nunca sentiram o que é a liberdade de voar na ilusão e sentir o perfume do sonho.

A demasiada expectativa sobre uma pessoa, e toda a sede de descoberta que a ela subjaz, é um veneno tão forte que nem precisarás de o provar para ele te matar. Será o mistério uma coisa má? O que é o mal?

Se a vida fosse apenas o que existe, o mundo seria um transparente local de dor onde vagueariam os corpos em busca da melhor sepultura. Então surge a questão: O que é que existe?

Deixa esse teu pedaço de carne sangrento cair numa outra dimensão; entranhar-se no mundo do faz-de-conta; pertencer ao outro lado da vida; ser o que julgas impossível.

Quanto te perderes nesta aventura tão grande como a vida, poderás então encontrar-me.

Ana Paula"

Obrigado,

A Gerência.


terça-feira, abril 27, 2010

Santa Ignorância .


Quando ouço que na escola ainda há professores que dizem aos alunos que a Homossexualidade é uma doença que torna os homens mais agressivos e pedófilos: percebo que ainda há muito para fazer neste país. Oh god, make me good but not yet

Memórias Futuristas #13


Hoje parece-me um bom dia para fazer um balanço do que tem acontecido e reflectir um bocado sobre o que trouxe até aqui. Então eu acho conveniente explicar o porquê de ser um pouco "bitchy" de vez em quando - a verdade é que nem sempre fui assim: sempre fui um romântico, um apaixonado pelo amor e pela sua busca. O problema é que tudo isto é muito bonito, mas é tudo uma grande palhaçada. Tudo que aprendi até hoje é que não há gajo nenhum que a certa altura não te passe por cima, não sei sinceramente o que vai nas cabeças ocas desta gente - mas desde quando é que dentro de um relacionamento existe competição para ver quem é o galo ou a galinha da história? se sou homem e gosto de homens, quero estar numa relação de dois galos e o assunto acaba aqui. Para além disso, não há um tipo que vá manter as calças vestidas muito tempo - começo a achar que é um problema do cromossoma Y gay do ser humano - portanto, quando atingi uma colecção considerável de remendos no meu coração e tirei este tipo de conclusões (entre outras não próprias a esta hora) comecei a ser uma beta também e a seguir mais o instinto que outra coisa.
Atenção, isto foi escrito ontem. Acho que estou mudado de vez depois da noite passada... Ando espantado com a Ana, ela e o homem de bolas já se começaram a fechar no quarto (não sei porquê ou para fazer o quê), mas é normal a miúda estar a ficar crescida; a Raquel anda mais desaparecida, cá para mim conheceu um rapaz e ficou sem tempo para mim: ou anda fora ou está a estudar. Torna-se complicado... Já o Diogo conseguiu entrar num grupo social de Lisboa a que ele chama de a minha "death possy" e para ser admitido teve de se submeter a umas provas descabidas - mas ele adora essas coisas, tem acesso a toda "high league" e fazem reuniões secretas que nem o objectivo entendi. Anda nas bocas por aí.
Agora sim, vamos à parte que me toca directamente - ontem á noite ao deitar-me recebi a tal mensagem do João e por momentos senti-me maravilhado com o sentido de conquista e a masturbação de ego que aquilo me estava a dar, mas pensei em tudo que vivi antes e percebi que o Rogério não era um gajo como os outros com sérios problemas de cromossomas. Vai daí que não resisti em ligar-lhe a contar o que estava a acontecer e desatei a chorar ao telemóvel; ele furioso veio como uma flecha ter comigo a casa e começou a disparatar com frases como "Eu vou mata-lo" e primas desta. Foi aí que eu disse que era grande e crescido e podia resolver isto sozinho - que não queria que ele se metesse.*
Foi difícil, mas ele acabou por perceber: disse que se ia deixar dos exageros e tentar manter isso para ele; depois fizemos amor e foi a vez mais brilhante de todo o sempre - quando acabou caíram-me lágrimas de alegria pela primeira vez: por finalmente estar ao lado de alguém com quem sempre sonhei.

* eu gosto que ele seja assim, confesso que gosto e muito; mas não posso correr o risco de perder a oportunidade de editar o meu livro.
in Lisboa - Memórias Futuristas

quarta-feira, abril 21, 2010

Triste sina .


Não, não é uma mania minha! O Ricardo durante TODA a vida sempre ficou mal em todas as fotos de grupo... MAS NA ÚLTIMA FOTO DE SECUNDÁRIO? F#da-se

terça-feira, abril 20, 2010

Memórias Futuristas #12


Tenho-me focado (ou tenho tentado pelo menos) na minha relação com o Rogério - não quero estragar tudo: agora que matei o monstro da monogamia e consegui aceitar e querer isso para mim.
É que aquele almoço ( a que na altura eu chamei de reunião) foi algo de profundamente encantador e tenho tentado apagar algumas das imagens da minha cabeça! Desde que cheguei ao almoço que o João (que era o nome dele) foi o extremo de simpatia comigo: ele é totalmente charmoso e é alguém com um nível incrível; mostrou mais interesse em falar sobre mim do que no meu livro - mas talvez porque ainda não o tinha lido - fartava-se de me gabar a toda a hora e parecia que me conhecia há uma data de anos (algo mais que cliché, era mesmo inacreditável) e conseguia falar de mim sem falhas. Para além de pagar, escolheu o almoço sem pedir alguma coisa que incluísse carne e decidiu-se por uma cola para eu beber
-Alguém como tu não devia beber álcool a esta hora!
A certa altura, quando falávamos sobre a minha vida sentimental - que nem me lembro como a conversa foi ai parar - colocou a mão dele sobre a minha (algo que achei abusivo, mas não me pude dar ao luxo de não aceitar) e não pareceu uma espécie de prostituição psicológica ou uma simples troca de favores, estávamos numa conversa, num momento de partilha e quem sabe no início de uma amizade: e os amigos tocam as mãos uns dos outros.
O pior de tudo é que há uns dias fui até ao ikea com o Roger e pelo meio dos utensílios de cozinha lá apareceu o João todo charmoso e sorridente a acenar-me; lá fui eu aproximar-me com uma sorriso rasgado (ele a dizer-me que já tinha começado a leitura e que estava a gostar imenso) e logo apareceu o meu monstrinho com cara de desconfiado a pressionar-me para o apresentar
-João, este é o Rogério
Estendeu-lhe a mão com um sorriso amarelo
-O namorado dele!
Por momentos pensei ver o João a engolir em seco e a arregalar os olhos, mas provavelmente foi só impressão minha
-João, Prazer! Eu sou o editor...
No caminho até casa tudo se resumiu a um questionário em que o tom de voz não era nada amigável
1)Quem era aquele?
2)Porque não me contaste antes?
3)Almoço com ele?
4)Não entendes que ele é simpático demais?
e por aí em diante (vocês conseguem imaginar...). Bem não foi por mal e eu francamente espero que ele entenda que desta vez é diferente e que eu quero mesmo ser feliz para sempre com ele.
No entanto ao deitar-me à noite recebi uma sms que me deixou ás voltas na cama
"Não consigo parar de ler,
estou viciado na tua escrita
e não consigo parar de pensar em ti...Quero ver-te!
João"

in Lisboa - Memórias Futuristas

[ESTE É O POST NÚMERO 100 DO BLOG, SEXTA-FEIRA NO TRAVO&CANELA VAI-SE BRINDAR A ISTO!]
Parabéns Blog :)

Top4


Hey concorrentes mais fabulosos do mundo, peço de novo desculpa por esta resposta vir tarde, mas teve mesmo de ser. Bem em relação a esta semana vamos ter de nos despedir do único rapaz do grupo que restava. É verdade, João Pedro, foi um prazer ter-te por cá e foste sempre um fantástico candidato mas desta vez desperdiçaste muito pouco tempo para a prova e não foi tão boa como as outras. Queria dizer que a da Ana Paula foi um pouco confusa, mas não deixou de ser boa. A da Maria foi bastante científica e exacta. A da Vera uma grande potencial vencedora, porque adorei esta prova. No entanto o prémio desta semana vai para a Vee que fez amor com a sua música duma forma completamente intimista.
Obrigado João! Mesmo.
Bem, em relação à prova para esta semana eu quero que me aconselhem um filme e me falem dele, sem tocar nem focar em nenhum ponto da sua história, quero apenas que me digam o que ele vos fez sentir. Aquele que me convencer mais a ver o filme irá ser o vencedor da semana. (se eu já tiver visto o filme, perdem pontos a vosso favor).
Na próxima semana decide-se o TOP3 que irá ser sujeito a provas de maior calibre e que exigiram maior esforço.
Aqui fica a prova vencedora:
"Sempre adorei o Jeff – sempre me arrepiou quando sussurrava “hallelujah” aos meus ouvidos e quando dizia que era “too young to keep good love from going wrong”. Mas desta vez, depois de repetidas ao expoente máximo cá dentro as palavras que ele dizia, já não era o Jeff quem eu ouvia – era uma voz antiga que tanto me atordoou a vida inteira. Quando me pediste que fizesse amor com a música não foi o Jeff que cantou para mim – foram os meus fantasmas há tanto tempo cá dentro fechados. E foi essa voz que me pediu que voltasse, que me disse que não era tarde demais, que me prometeu que esperaria por mim e me foi desfazendo até ao último acorde, até ao último sopro. No final já não existia música, era eu noutro planeta a entender que talvez fosse demasiado jovem, no fim era eu faminta por aquele amor de que o Jeff tanto falava, no fim era só eu a perceber que nunca acabaria, “she is the tear that hangs inside my soul forever”, que para o meu coração nunca há-de ser tarde “to come over”."

Obrigado,

A Gerência.

segunda-feira, abril 19, 2010

Comcordas


Era uma noite silenciosa como todas as outras. Fumava um cigarro na varanda e conseguia ouvir o seu ruído enquanto queimava - lentamente; lembrei-me do som de duas guitarras acompanhadas por um baixo e voei até aos olhos negros de uma mulher de sangue latino que guerreava com um homem que não sei descrever: lutavam um com o outro (mas não se tratava de violência), era uma luta dançada em que egos bailavam naquela sala e por entre pontapés e cabelos caídos no chão ele aproximou-se para lhe tocar o pescoço - num impulso rasgou-lhe o vestido e ela resistiu até serem dois corpos caídos no chão para se entregarem à noite um do outro. O cigarro acabou, voltei ao meu quarto. Tenho sonhado ultimamente - tenho vontade de voltar a escrever.

terça-feira, abril 13, 2010

Memórias Futuristas #11


A Páscoa já lá vai e fui passa-la à minha querida terrinha. Pude estar com as loiras de novo, com a Vera, com o Nunes, o Maia e o resto dos rapazes e ainda ver a minha prima nova que não tinha tido ainda oportunidade. Foi bom voltar aos meus ares (e são tão bonitos nesta época); o Rogério ficou por Lisboa, mas ligava-me de manhã à noite - era sempre com as mensagens que acordava durante as férias: para além das saudades que apertavam a tensão sexual quando voltei estava no limite, não me deu descanso durante uma maratona de 24 horas.
O Diogo e eu estamos bastante bem na relação um com o outro - naquele dia eu entrei naquele quarto, mas para lhe pedir que se vestisse para que pudéssemos conversar. Sim, não foi fácil, mas ele agora entende que sou comprometido e até se tem encontrado com novas pessoas: o que me deixa mesmo muito feliz.
A Ana está radiante com o homem das bolas, ele veio jantar aqui a casa (percebeu logo que não éramos uma "família" normal) e foi por super simpático - parecendo-me um homem ás direitas e assim sendo (ainda jogando futebol) é o homem ideal para a miúda.
A Raquel está muito contente com os resultados da Universidade, no entanto começou a entender que isso não é tudo e acredito que ela também queira arranjar um homem para juntar à nossa (a crescer) família - já lhe expliquei (uma noite destas na varanda) que o Diogo está fora de questão e ela nem se preocupou muito com o assunto. Ela é demais e já anda a precisar de se apaixonar.
Quanto a mim: estou a amar que consegui construir com o Roger: estamos em pleno, em sintonia e nunca tive uma relação antes em que me sentisse tão amado e respeitado, já todos sabem como ele é comigo.
Ah! Ao que parece um amigo meu anonimamente contactou uma editora acerca do meu livro e conseguiu-me uma reunião com um dos responsáveis que me contactou ontem à noite. Estou a ir ter com ele neste momento - não contei nada ao Rogério, mas desta vez não foi por maldade, foi só porque ele não gosta mesmo que eu ande sozinho pelas ruas de Lisboa; de certeza que iria querer vir comigo... E esta, é a MINHA reunião.
Ao chegar deparei-me com um elegante homem de cabelos claros num penteado adulto de empresário e uns olhos verde-água que o tornaram numa pessoa muito interessante. Sorriu-me, pelos vistos esta reunião iria correr muito bem...

in Lisboa - Memórias Futuristas

segunda-feira, abril 12, 2010

É Verdade que... ?


Ontem passado tantos anos anos voltei a jogar ao Verdade e Consequência - como um regresso à infância e às brincadeiras que se fazem ao longo de todas as gerações - repeti a proeza mais uma vez e só tenho a dizer que a versão mais madura do jogo bate por muitos pontos a outra .

[Obrigado pela Felicidade que me tens proporcionado]

Segunda Fase .


HEY!

O teu concurso preferido está de volta para mais peripécias e um nível de dificuldade acrescido!
Quem será que vai chegar à final e merecer um dia na vida de Ricardo Branco? Quem ficará pelo caminho? Estamos a quatro semanas do final e a ansiedade aumenta agora. Ora bem, para Domingo os docinhos terão de fazer o seguinte:
Da lista de cinco musicas a baixo, escolher uma e envia-la por sms - mas não pode haver repetições, por isso quanto mais rápido enviarem mais possibilidades de ficar com a que pretendem terão! - e o objectivo é durante esta semana conhecerem a vossa música de tal forma que criem uma relação com ela, quero que façam amor com a música e me escrevam um pequeno relatório sobre a vossa experiência!
Aqui fica a lista:

1 - Poems to a Horse - Shakira

2 - Lover, you should've come over - Jeff Buckley

3 - Undeclared - The Dodos

4 - Soda Shop - Jay Brannan

5 - Heroes - Peter Gabriel

Boa Sorte !

A Gerência .

domingo, abril 11, 2010

It's never over .


É engraçado quando reparamos que crescemos só de olhar para trás, só porque nos sentimos mais maduros nas opções que somos obrigados a tomar e porque se tudo estivesse a acontecer agora seria muito diferente .

[I'm happy you left, you would miss some of your teeth]

sábado, abril 10, 2010

ao Homem de Raça Negra que Existe Dentro de Ti .


Marlene, hoje queria só dizer-te o quanto gosto de ti. Quando penso em ti não consigo arranjar palavras para descrever o importante que és para mim e aquilo que significas - desde o facto de como somos parecidos ao nos entendermos tão bem um ao outro.
É estranho pensar em ti como minha tia (não me soa à nossa proximidade), mas se assim é, és a melhor tia que alguém alguma vez podia ter tido. Em todos os momentos que precisei tu estiveste lá com uma palavra sábia que sabias que eu iria entender: por sofrermos muitas vezes do mesmo mal e por no fundo termos crescido também um com o outro... Há tanto que fizeste por mim!
Se hoje sou o que sou devo também um bocadinho a ti e à tua frontalidade de me teres dito sempre tudo que achavas e pensavas duma forma directa sem medo do que eu poderia sentir - para isso só tenho uma palavra: Obrigado.
Este texto pode até não fazer sentido, nem se justificar ser escrito hoje e muito menos a esta hora - mas surgiu em mim uma necessidade imensa de te mostrar gratidão e de te fazer sentir a forma como gosto de ti.
Um dia o mundo vai sorrir para ti e recompensar-te pela coragem de ainda sonhares como uma criança - por te manteres fiel à imaginação e a ti mesma: porque a maioria perde-se no caminho ao crescer e esquece-se que o importante está para além daquilo que uma sociedade pode pensar como convencional. Admiro-te e espero completar a tua idade e ser assim um bocadinho como tu também: com a alma livre de cordas que te prendam ao chão.
Quero dar-te a certeza de que os melhores anos das nossas vidas ainda estão para vir e que se tudo correr bem e como planeado eu não podia vir a ter uma colega de casa melhor do que tu (e vamos entender-nos tão bem).
Nunca te tinha escrito nada e espero sinceramente não te desiludir com estas minhas palavras (já vai tarde a noite e as pálpebras começam a pesar-me), foi apenas um desabafo de agradecimento pelo que és para mim e por me ouvires, sempre.

O teu sobrinho mais crescido,

Ricardo JOAQUIM Branco.

Ps: Ainda tenho aqui o "Gato Preto, Gato Branco" guardado para ver contigo.

quinta-feira, abril 08, 2010

Vera in Wonderland


Sabes Vera, tu és precisamente como eu. Sim, é verdade e tu sabes: alimentamos-nos da melancolia e da tristeza - temos o nosso intrínseco de depressivo, há quem lhe chame alma de escritor. Vivemos no abismo entre o racional e o louco (e não esperes que alguém te entenda se não eu) - não podes procurar alguém que te entenda, mas sim alguém que te aceite como és. O teu prognóstico é que venhas a piorar com tempo e que endoideças de tal forma em dois anos que fiques assim como eu - vamos piorando até um dia já não vivermos neste mundo. Aquilo que nos prende ainda é a existência irreversível do Amor - amor pelo que nos rodeia e que nutrimos um pelo outro. Espero que enlouqueças tanto quanto eu, para um dia te poderes aceitar tal e qual quanto és, para um dia te poderes dizer Feliz e não teres mais medo deste cruel mundo.
Pelo que vejo em ti, pela forma que tens crescido a olhos vivos não vais demorar muito e um dia serás tu a dizer "quando tinha a tua idade também era assim". Espero que entendas Vera, espero que percebas o que te estou a dizer, que percebas o porquê da respiração deste texto ser irregular, da escrita ser má, das palavras serem básicas e de lhe faltar coerência - espero que entendas que não tens de entender o Mundo porque ele nunca te há-de entender a ti, mas mais do que tudo espero que entendas que não sabemos como a vida irá correr e acontecer - mas que podes ter a certeza que eu estarei sempre onde estiveres: porque sempre que não estás comigo há um pedaço da minha alma que falta (e ele não faz diferença, não me sinto mais leve ou pior porque) esse pedaço em mim és tu. Irás ser. Sempre.

domingo, abril 04, 2010

a Aprendizagem


Sento-me à janela muitas vezes. Olho vezes sem conta para os mesmos horizontes. Procuro neles o conforto de algo familiar e descubro neles, sempre, algo de novo. É assim “A Aprendizagem”. Como uma viagem que começa na janela do meu pensamento, mas que pode ser de qualquer um. É inevitável para qualquer pessoa que em determinado momento queira sair para o mundo, descobrir a vida – a sua vida. Nesse momento, levamos na bagagem a aprendizagem que nos deram e enfrentamos a novidade com a crença de que tudo será diferente, melhor. Este é o momento em que nos definimos. Acredito que é um passo que só podemos dar sozinhos. Claro que muitas vezes acabamos por descobrir que a miragem era mais poética quando vista da janela, que lá chegados ela é exactamente aquilo que se esperava. No campo há ervas e árvores e gente igual à outra. Na cidade há muita gente, prédios e casas de várias cores. Como “Lisboa com suas casas”. Casas com janelas e gente por trás delas. Quem são? Na descoberta de nós próprios esquecemo-nos dos outros.Trocamos o nós pelo eu numa insónia viciada. Neste momento, descemos à rua e cruzamo-nos com eles. Encontramos de tudo. Gente cansada, gente com fome, gente sozinha – muita gente sozinha – gente feliz e despreocupada, gente abastada, gente que rouba e é roubada, gente ignorante e outra brilhante. Neste piscar de olhos penso que o mundo seria um lugar melhor se passássemos para a prática a consciência de que a aprendizagem de cada um representa não só a emancipação do próprio como a evolução de todos. Agarro-me ao melhor. À noção de que existem por aí um sem fim de “Mariazinhas”, de pessoas sensíveis que percepcionam o mundo de uma forma mágica e que têm a extraordinária capacidade e generosidade de partilhar essa sua visão do mundo com os outros. São artistas, de tantas áreas diferentes, que todos os dias trabalham para que a nossa existência não seja apenas um memória empoeirada num álbum de fotografias. Claro que não basta o pensar, ele de pouco serviria sem o sentir. Estar apaixonado, como o estrondo e a luz num festejo com fogos de artifício, descobrir o amor e vivê-lo com a “Agulha do Tempo” a girar sobre nós, dar continuidade à vida, perdê-lo…Deixamos o tempo passar, apagamos essa “Luz Breve” dentro de nós e voltamos à vida.. Sento-me novamente à janela. Em que hei-de pensar?

in Aprendizagem - Margarida Pinto

quarta-feira, março 24, 2010

Memórias Futuristas #10


Quando tomamos uma atitude em relação a algo frágil na nossa vida, torna-se bastante complicado levar a decisão até ao fim quando somos testados até ao limite: se estou a tomar banho o Diogo entra-me sempre pela casa de banho a dentro; se estou a comer, ele come do meu prato; se estou a pôr roupa para lavar na máquina vergado ela dá-me com a mão no rabo e até durante a noite quando estou a dormir se mete dentro da minha cama agarrado a mim.
Não, eu não cedi - mas por vezes torna-se demasiado tentador para mim e não sei quanto tempo aguento nesta coisa do resistir; a Ana Luísa acha-lhe imensa graça e a Raquel cheira-me que até lhe acha graça a mais: tenho que ter uma conversa séria com ela (não vá esta história acabar mal), já o Rogério não achou piada nenhuma ao facto de um rapaz viver cá em casa agora (mal ele sabe do que esse rapaz é capaz). A Ana vai trazer o homem das bolas a jantar connosco (chama-se Daniel) e já vamos todos pode-lo conhecer num jantar de família que incluí o Rogério.
Quando cheguei a casa no final das aulas não vi ninguém
-Meninas?
Gritei, mas quem me respondeu foi o Diogo no andar de cima
-Não estão, foram ás compras!
-E o Rogério? Ele disse que vinha cá...
-O Rogério foi leva-las, elas pediram-lhe!
Okay, não estou com ciúmes - estou com aquele sentimento de que fizeram as coisas nas minhas costas apenas: elas vão ouvir das boas quando chegarem! Claro que ele não lhes ia dizer que não e elas aproveitam-se logo... Subi as escadas em direcção ao quarto e percebi que ele não estava vazio: o Diogo estava nu em cima da cama a ver "Family Guy"
-Temos a casa toda só para nós...
Fiquei na entrada da porta a debater-me com as duas opções possíveis: ou fugia dali e ligava ao Rogério para me vir buscar ou entrava naquele quarto e voltava ao meu antigo "eu"...

in Lisboa - Memórias Futuristas

Ps: Memórias Futuristas#11 sairá dia 13 de Abril