terça-feira, abril 27, 2010

Memórias Futuristas #13


Hoje parece-me um bom dia para fazer um balanço do que tem acontecido e reflectir um bocado sobre o que trouxe até aqui. Então eu acho conveniente explicar o porquê de ser um pouco "bitchy" de vez em quando - a verdade é que nem sempre fui assim: sempre fui um romântico, um apaixonado pelo amor e pela sua busca. O problema é que tudo isto é muito bonito, mas é tudo uma grande palhaçada. Tudo que aprendi até hoje é que não há gajo nenhum que a certa altura não te passe por cima, não sei sinceramente o que vai nas cabeças ocas desta gente - mas desde quando é que dentro de um relacionamento existe competição para ver quem é o galo ou a galinha da história? se sou homem e gosto de homens, quero estar numa relação de dois galos e o assunto acaba aqui. Para além disso, não há um tipo que vá manter as calças vestidas muito tempo - começo a achar que é um problema do cromossoma Y gay do ser humano - portanto, quando atingi uma colecção considerável de remendos no meu coração e tirei este tipo de conclusões (entre outras não próprias a esta hora) comecei a ser uma beta também e a seguir mais o instinto que outra coisa.
Atenção, isto foi escrito ontem. Acho que estou mudado de vez depois da noite passada... Ando espantado com a Ana, ela e o homem de bolas já se começaram a fechar no quarto (não sei porquê ou para fazer o quê), mas é normal a miúda estar a ficar crescida; a Raquel anda mais desaparecida, cá para mim conheceu um rapaz e ficou sem tempo para mim: ou anda fora ou está a estudar. Torna-se complicado... Já o Diogo conseguiu entrar num grupo social de Lisboa a que ele chama de a minha "death possy" e para ser admitido teve de se submeter a umas provas descabidas - mas ele adora essas coisas, tem acesso a toda "high league" e fazem reuniões secretas que nem o objectivo entendi. Anda nas bocas por aí.
Agora sim, vamos à parte que me toca directamente - ontem á noite ao deitar-me recebi a tal mensagem do João e por momentos senti-me maravilhado com o sentido de conquista e a masturbação de ego que aquilo me estava a dar, mas pensei em tudo que vivi antes e percebi que o Rogério não era um gajo como os outros com sérios problemas de cromossomas. Vai daí que não resisti em ligar-lhe a contar o que estava a acontecer e desatei a chorar ao telemóvel; ele furioso veio como uma flecha ter comigo a casa e começou a disparatar com frases como "Eu vou mata-lo" e primas desta. Foi aí que eu disse que era grande e crescido e podia resolver isto sozinho - que não queria que ele se metesse.*
Foi difícil, mas ele acabou por perceber: disse que se ia deixar dos exageros e tentar manter isso para ele; depois fizemos amor e foi a vez mais brilhante de todo o sempre - quando acabou caíram-me lágrimas de alegria pela primeira vez: por finalmente estar ao lado de alguém com quem sempre sonhei.

* eu gosto que ele seja assim, confesso que gosto e muito; mas não posso correr o risco de perder a oportunidade de editar o meu livro.
in Lisboa - Memórias Futuristas

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