terça-feira, julho 15, 2008

Boneca Insuflável


O amor não existe.
(vou reformular)
O amor não resulta. O destino está todo avariado - completamente distorcido e estragado - não está do nosso lado.
Nem sei bem que é isso de destino, nem sei se realmente existe (talvez alguém tenha inventado tal coisa um dia para que pudesse culpar algo pelo que lhe estava a acontecer).
Não podemos acreditar em tal coisa como o destino, não podemos esperar que tudo nos aconteça, temos de fazer por nós, criar o nosso destino.
Mas tal como eu disse antes:
-O amor não resulta
Vejo-me a mim próprio rejeitado pela pessoa que amo e a usar outra como um meio de obter prazer sexual
-Isso não está certo Pedro!
Grita a voz dentro de mim.
De facto sei que não está certo, ao início não aceitei isso, era contra mim, contra tudo que defendo; mas talvez seja tão fraco ao ponto de não resistir, digo sempre que não, aí começa o jogo de sedução e quando dou por mim já estou sem roupa.
Ninguém se sente usado aqui, sente-se feliz por fazer algo por mim, porque é a mim que ama e a sua maior frustração é não conseguir fazer-me feliz: apenas satisfeito (e simplesmente isso já lhe gera felicidade, conseguir dar-me algo)
Mas a voz grita cada vez mais alto
-Isso não está certo Pedro!
E eu ouço. no meu escuro interior eu ouço e pesa-me. Fujo-lhe sempre, escondo-me, evito-a e depois desisto; respondo-lhe apenas
-O destino é que não está certo, senão neste momento eu não usava ninguém, amava e era feliz.
P.s: I Do It For Love

sexta-feira, julho 04, 2008

Push&Wolf


Acho que devia ter ouvido o que me disseram
-Jorge, os sonhos são para os fracos!
queria mesmo ter acreditado nisso, mas não consegui: Acreditar e seguir os meus sonhos era a minha direcção
-Boa Tarde
Agora acho que não há mais sonhos, empacotei-os e enviei-os para os fortes que nunca os tiveram.
-Posso ajudar?
Odeio shoppings, passo o dia a dobrar roupa e vivo num quarto minúsculo que partilho com outro miserável como eu.
-Também perdi todos os meus sonhos...
Bocas de cena, aquecimentos de voz, ascensões e quedas do pano e brilho, eu podia brilhar, queria uma oportunidade, eu sei que podia brilhar
-Jorge à caixa de homem
E brilho, entre cabides, pacotes, manequins estáticos e roupa (camadas de roupa a dobrar, a arrumar, a transportar) e eu brilho mesmo: até fui nomeado o empregado do mês.
Troquei Shakespear por corpetes e Gil Vicente por coletes, queria mesmo actuar, declamar, representar, queria mesmo ser actor; mas não vale a pena sonhar, os sonhos já em mim não residem
-Jorge, os sonhos são para os fracos!
Sempre achei que daria um bom actor, que podia brilhar num palco e julgo-me certo, porque apesar de ter perdido os sonhos e estar preenchido por um vazio ponho o maior sorriso e digo
-Boa tarde, posso ajuda-lo?
Ps: People Always Leave