segunda-feira, junho 30, 2008

Todos Diferentes, Todos Iguais


Eram todos bons rapazes


-Sorrisos, gracinhas, carinhos, cuidados-

Eram todos bons rapazes (simples e ingénuos, quem sabe: por vezes modestos) que me subiam pelas pernas acima

Ingénua de mim

-levada por sorrisos, gracinhas, carinhos, cuidados-

que ainda lhes atirava mais cabelo por onde treparem (julgando serem todos bons rapazes).

Acabei posta de lado por todos os bons rapazes que me deixaram

-sem coração, destroçada-

quando lhes revelei que não estava pronta para sofrer tudo para nada (tendo sido um dia levada por um bom rapaz que, após me desflorar, me deixou sem pudor numa tarde a chorar).

Então estes bons rapazes,

-cheios de sorrisos, gracinhas, carinhos, cuidados-

não levam nada de mim (que ainda me lembro da dor de uma flor quebrada e do choro de uma flor abandonada)

Mas caio sempre por estes bons rapazes e sempre caírei

-os sorrisos, gracinhas, carinhos, cuidados me iludem para nada-

pois eu Leonor: sou uma irrevogável apaixonada!

quinta-feira, junho 26, 2008

23 (Anos Depois)



João Paulo viveu sempre na expectativa do amor realizado, chegou a pensar que iria conseguir num dia de Sol, mas tudo desapareceu quando o chão se abriu e percebeu que não podia viver na ilusão. Alice desistiu de procurar o homem ideal quando todos queriam apenas as roupas dela espelhadas pelo quarto durante uma só noite. Desanimou e grande revelação de alegria teve quando percebeu que o homem perfeito tinha sido encontrado: Era João Paulo.


João Paulo revelou ser bissexual e este tempo todo ter estado apaixonado pelo mesmo rapaz. Ouvi dizer que ele e Alice se casaram e juraram permanecer juntos para sempre antes de partirem para a sua maravilhosa Lua de Mel pelo Mundo inteiro. Nunca mais foram vistos, nem ouvidos, não voltaram nunca e não penso que algum dia voltarão. A paixão de João Paulo? Essa será Eterna.




P.s.: 23 - Jimmy Eat World

sábado, junho 21, 2008

Tudo O Que Queria Era Que Me Levasses Alto


Decidi que hoje é o dia em que me despeço. Não faz sentido continuar isto, não faz sentido voltar a falar sobre tudo de novo, não vale a pena descrever todos os mesmos sentimentos de volta, iria cansar-vos. Mas no fundo voltou tudo à mesma. Nem tudo, mas percebi que continuo apaixonado pela mesma pessoa. Apaixonado, que raio de palavra para descrever isto, mas é o que lhe chamam...
A Alice arranjou um namorado, eu acho que é uma ocupação e sobre a Alice, quando acho, tenho razão, mas não é bem sobre isso que é este texto. Porquê tudo agora? Vi uma nova oportunidade de ver tudo o que queria realizado, de ficar com a única pessoa que amei até hoje e dar um final feliz a esta história que dura há quase meio ano.
Estou realmente feliz, ando radiante, somos amigos de volta e tivemos a conversa mais sincera que houve até aos dias de hoje sobre o dia em que tudo mudou, em que apareceu "Nada o Resto Importa". Uma porta abriu-se, uma janela e todo o mundo se abriu; o Sol radiou de tal forma que quase derreti até aos pés; o meu coração despertou e bateu de novo dando vida a todas as pontinhas secas do meu corpo. Apenas uma coisa girava à minha volta, nunca hei-de voltar a lutar contra isto, é a minha inspiração, não irei ficar depressivo, este sentimento apenas me traz felicidade e se um dia acabar é isso que vou recordar: este profundo sentimento de alegria.
Abriu-se sim uma porta, "Nem eu sei que gostas de mim, nem tu que gosto de ti!", "Segredo nosso"; um dia disse que tudo que previa não era nada de bom, mas hoje sim, hoje prevejo tudo de bom, tudo que prevejo contribui para a felicidade que cresce dentro de mim. Matei alguns pelo caminho e peço desculpa, sobretudo a Julieta que tanto me apoiou durante este tempo todo. Este tempo em que fui um egoísta.
Vou ter saudades disto, vou mesmo, saudades de me sentar aqui e vos contar uma história, vou ter mesmo saudades. Embora faça isto por mim, se não me lessem eu era nada simplesmente. Por isso leiam, gostem e sintam.
Talvez volte um dia, sim, talvez um dia venha matar as saudades numa tarde calma, talvez volte para contar a história de uma amor feliz...
P.s.: A&E - Goldfrapp

domingo, junho 01, 2008

Se Tu Não Voltares


Para Julieta,


Pensei longamente nestas palavras, nestas mesmas palavras com que inicio este discurso para ti. Pensei na forma como te diria tudo da maneira mais suave, tal e qual uma injecção letal, a forma que te proporcionaria menos dor. Pensei na forma de como te diria que tudo não passou do inicio de nada, que todo o romantismo morreu em mim. Fui simplesmente um egoísta, queria mesmo ser feliz desta vez, queria mesmo acreditar que desta vez tinha encontrado a pessoa certa, a pessoa que ia acabar com tudo que me corroía, quis tanto acreditar que eras tu que te arrastei comigo. És simplesmente incansável, sabias sempre a palavra certa a dizer-me, sabias sempre como me arrancar um sorriso, sabias simplesmente consertar-me, mas neste momento, e desculpa ter percebido tarde de mais, eu não tenho conserto. Estou agarrado ao passado, não passo de um fraco, apenas mais um fraco. É demasiado forte, pelo menos mais que eu, mas ainda tremo de cima a baixo quando ouço aquela voz antiga que me matava com tais perfeitos decibéis reproduzidos, ainda me arrasto por uma milésima de segundo em que os nossos olhares se trocam, por conseguir aqueles olhos negros postos em mim, derrete-me.
Fazes-me feliz, preocupas-te comigo e era tudo que eu procurava, tudo que buscava e neste momento eu tinha encontrado tudo em ti, mas voltei a ouvir a mesma voz, lembrei-me da maneira como o meu coração se sincroniza ao ritmo de cada palavra drenada por aqueles lábios que há tanto tempo mantém os meus mortos de sede. É tempo de abandonar tudo, tempo de deixar que o tempo actue como enzimas sobre o meu simples esboço e recorde o passado como a primeira vez que me queimei de amor, apenas isso a primeira vez. Mas não Julieta, eu não vou deixar que isto parta, não consigo, não tenho voto na matéria, não tenho poder e se me perguntares, se me interrogares, eu não quero que o vento leve tudo de mim, não quero recordar isto como a primeira vez, mas como aquela vez. Não quero perder toda a minha inspiração, não quero perder isto tudo a que me sujeito diariamente.
A decadência que percorria aqueles olhos negros partiu, esvaiu-se, finalmente vi aquela pessoa por quem me apaixonei um dia e não uma camada imensa de egoísmo que se arrastava por aí como um parasita, que se aproveita dos outros. Voltei a ver a tonalidade de negro que me deliciava e não o negro embaciado que havia nestes meses. E voltei a ver aquele sorriso. Nunca vi igual. Nunca um simples alinhamento de dentes me cortara a respiração como aquele sorriso. É um sorriso em extinção, já ninguém sorri de maneira tão convicta e profunda, ninguém sorri assim…
Quero que sejas feliz, quero mesmo. Gostava de te fazer feliz como me fazes, gostava de te fazer sentir que nada que me disseste foi em vão, que me ajudaste bastante, que me ajudaste a fortalecer o meu telhado, que tornas-te as minhas lágrimas mais duras e pesadas, mais difíceis de sair. Gostava de te fazer sentir que és especial, ainda que ao leres estas palavras sintas revolta, ainda que provavelmente eu torne as tuas lágrimas mais leves do que nunca. Prometi que um dia te escreveria algo, algo destinado apenas a ti, mas percebo que não fosse isto o que esperavas ler, entendo que esperavas que tudo que escrevesse fosse para te unir mais a mim, para fortalecer mais ainda o laço que me ata a ti. Mas escrevi isto apenas, escrevi para que percebas o que se passa, para que percebas o que sinto, ainda que me pareça difícil, ainda que te pareça difícil. És capaz de não me perdoar depois desta, mas se não voltares não haverá esperança. Se não voltares tudo que me disseste foi em vão, todos os sorrisos que me roubaste foram em vão, todos os momentos em que me senti consertado não valeram de nada, porque se não voltares a falar comigo não haverá vida, não sei o que farei.
As mesmas lágrimas que avolumaste correm agora como lâminas sobre a minha face, desculpa eu ter sido egoísta, desculpa eu não ter nada de especial, ser apenas mais um fraco que não resiste à força do passado, desculpa esta carta não ser uma injecção letal mas uma forma de te matar mais lentamente.


Love,
João Paulo.
P.s.: Si Tu No Vuelves - Shakira y Miguel Bosé