domingo, dezembro 30, 2007

Milagrosa Droga

É irónico que gostem dos meus textos, é irónico que os queiram lêr, é irónico a única pessoa a quem eles são dirigidos não os ver, é irónico não saber que eles existem. O que importa que estejam bem escritos? O que importa que despertem emoções nas pessoas? O que importa escrever se não vais lêr? Não importa, todo o mundo pode dar-lhes valor, lê-los e até quem sabe decorá-los, mas eles nada valem, nada importam pois tu simplesmente não queres saber.
A minha vida resume-se em desejar ver-te amanhã, e depois e a seguir do depois, porque sinceramente não sei quanto tempo suporto mais sem a tua presença. Passou-se uma semana e hoje é só mais um dia, mais um terrivel dia sem ti, mais um dia... Um dia em que não existe tal coisa como concentração, prazer, como viver! Mas para ti deve ser só isso mesmo, só mais um dia, em que negas tudo por ti, em que dás acaso ao teu doce e mísero egoísmo, mais um dia, apenas mais um simples dia.
É irónico, acho que essa é a palavra certa mesmo, é irónico que agarre o meu ipod e todas as músicas falem de ti, todas dizerem algo sobre o dia em que tudo mudou, dizerem algo sobre a tua ausência, dizerem algo sobre o que desejo em todos os segundos da minha vida agora.
Há dias fui desesperado á procura de fotos tuas, e quando te encontrei, quando olhei para ti não me pareceste nada mais do que uma simples pessoa, não pareceste nada superior ao que sou, não pareceste uma pessoa que merecesse tanto de mim, mas ainda assim continuo a dar-te tudo que tenho, embora não o recebas.
Qualquer estranho, qualquer pessoa que leia o que te escrevo diria que sou apenas mais um pobre de amor não correspondido, mas ambos sabemos que estão errados, ambos sabemos que sou apenas negado, e eu lhes diria que isso dói mais do que simplesmente não ser correspondido, mas de certeza que isso não te incomoda pois hoje é apenas mais um dia.
Se não lês os meus textos, não me importo, de facto não quero que os leias, não quero que me vejas como um fraco, que te vejas como uma drástica fraqueza em mim, pois muito bem, não quero que os vejas. Mas claro que isso não te incomoda, hoje é apenas mais um dia.

sábado, dezembro 29, 2007

Mãos Abaixo

1 semana sem noticias.
Passaram imensos anos para mim, porque cada segundo sem ti é uma luta pela sobrevivência. Se é a tua negação, se é a tua desintoxicação, não é a minha, pois cada vez mais mergulho num infinito de ti...


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Hoje o céu mudou de cor. Nestes dias andava azul, apesar de o Sol não estar lá, o céu estava azul, mas hoje mudou. Eu andava bem nos ultimos dias, juro que andava para uma pessoa que tem um vicio, para uma pessoa que tem um problema. Fui corrigindo tudo na minha vida, sem poder corrigir-te a ti claro, mas fui, indo devagar tornando tudo muito mais respiravel, muito mais vivo. Mas hoje o céu mudou de cor, há coisas que não podes mudar, por mais que tentes elas não te vão largar, não te vão abandonar, assombrando-te como doces fantasmas, envolvendo-te como água e afundando-te como um navio no mar.
Há vicios que nunca partem, apenas esperam para ser acordados e hoje quando o céu escureceu e vi o crepusculo tentando afastar a luz, senti algo em mim, senti-me de volta o mesmo mau ser, senti algo a renascer dentro de mim e percebi que não tinha sido abandonado pelo meu vicio, pela minha doença, que continuava a ser o mesmo desiquilibrado de sempre! Não vou admitir que tenho um problema, não quero admitir que sou uma pessoa doente, não quero ser olhado de lado, não quero ser abandonado, não quero ser apenas mais um rejeitado.
E sei que não tens a minina grama de culpa nisto, mas preciso de ti, mais do que nunca preciso desse teu ombro que me ofereces-te tantas outras vezes, preciso que me agarres uma ultima vez, que olhes para mim nos olhos e me digas: "Vai tudo ficar bem..."

"Esconde-Esconde"

Hoje fui Aveiro e a cidade assustou-me. De tantas outras vezes nunca tinha percebido tal coisa, mas hoje a cidade assustou-me. Entendi que aquelas ruas já nada me diziam, que apenas me lembravam de vivencias de uma outra vida que tive, uma vida diferente da que levo agora. Senti um desabar dentro de mim enquanto nao percebi porque tal sucedia, mas entendi... Entendi que nenhuma das caras que me rodeavam me era familiar, entendi que as ruas nada me diziam, que Aveiro não é a Ria, o Rossio e o Forum, mas sim as pessoas. Entendi que não tenho saudades da cidade, mas sim das pessoas, percebi que não sinto necessidade de voltar lá, mas tenho uma total dependência das pessoas que lá vivem. Senti-me deslocado, senti-me estranho numa cidade que já me era estranha.
Eu que tenho fobia a hábitos, comecei a habituar-me a isto, à minha vida de sempre, ás pessoas de sempre, aos afrontes de sempre e ás tristezas de sempre. Percebi que não posso deixar Amarante por gostar de viver cá, mas por estar habituado a viver assim, habituado a agarrar o braço da Ana na rua, a dormir em casa da Rita, a acalmar a Gaby e a rir-me das parvoices do grupo. E é por isso que hoje quando a Raquel me agarrou o braço e me disse que eu devia voltar para Aveiro me apetecia fugir com toda a força que tinha para o meu habito. Não por não gostar de estar lá, mas por estar habituado a visitar Aveiro de quando em vez e ser recebido com todo o carinho.
Hoje percebi muita coisa, percebi que estou fora do contexto quando visito Aveiro, percebi que não vale a pena perguntar, ou questionar, pois ningem me vai conseguir explicar tudo que aconteceu nos ultimos meses. Sinto falta de Aveiro, mas não das ruas sem fim, da avenida de arvores despidas e do forum movimentado, sinto falta das pessoas.
Quando me despedi não me apeteceu chorar como das outras vezes, apeteceu-me sorrir pois sabia que o meu habito me levaria uma vez mais lá, ás pessoas... Quando me cantaram, me fizeram sorrir, me fizeram pensar, senti-me maravilhosamente bem, não por estar em Aveiro, mas por estar com aquelas pessoas que me marcaram de certa forma a vida.
Hoje percebi muita coisa, percebi que as pessoas fazem a terra e o habito a vida. Não posso fugir mais, estou habituado a mim, a todos os que me rodeiam, a viver em Amarante e a visitar Aveiro de quando em vez.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Final Feliz

Naquele momento quis morrer para não ter de voltar à escola. Sabia que ía ver a sua imagem todos os dias da minha vida na minha vida de todos os dias. Refugiava-me agora em tudo que podia, tentando afastar o teu pensamento para longe de mim. Tudo que fazia era fingir agora, e eu não era o único, fingir que estava tudo bem, que nada tinha acontecido. Mas nada valia a pena, ambos soubemos apartir daquele momento que nada ia ser igual, que tudo tinha mudado para sempre. Estavamos inevitavelmente mudados, eu estava mudado apartir do momento em que as nossas linguas se tocaram, e não valia a pena fingir, pois toda a minha vida fluia em função desse momento agora.
Nunca tinha sentido um bater de coração como naquele dia o fiz, o meu braço sobre o seu corpo, sentindo aquele bater que ia acelerando á medida que eu me aproximava, embarcando numa aventura que eu não sabia o peso que iria gerar. Agora eu sei, sinto que cada passo que dou, que cada movimento que faço, me afundo mais em mim, que cada ideia que tenho, que cada pensamento que gero, é sobre ti, pois como havia dito um dia, tudo de mim és tu.
O rosa esbateu-se, o Inverno deixou de ser frio, as lágrimas deixaram de ter força, o Sol... O Sol nunca mais o vi... E sinceramente não me lembro de o ver, lembro-me da minha cabeça junto ao teu peito á espera que o teu coração preso aí dentro se abrisse, para que eu pudesse usufruir de um bocadinho de céu.
Não te vou mandar embora, talvez por não conseguir, mas não te vou mandar embora, vou-te deixar ficar aí a ver-me cair, mas de certeza que pedirei por ajuda... Olha para mim, pareço um ser sem vida, arrastando-me pelas ruas da amargura, extasiado pela minha memória, sofrendo enquanto todas as minhas recordações daquele dia fluiem por as minhas veias, invadindo todo o meu corpo.
Estava eternamente mudado, eu soube desde inicio, e sei que isto não me abandonara nunca, cá dentro tenho a certeza que é eternamente. E vai ficar comigo para sempre... Mesmo que eu morra agora por não suportar ter de te ver uma ultima vez.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Nada o Resto Importa.

É a sensação de teres de te agarrar à cama de manhã quando acordas para não fugires a flutuar.
A sensação de não conseguires respirar e de uma prisão complexa.
A sensação de desespero por um grito de liberdade e de que vais vomitar a qualquer momento o teu coração pois com tudo isto não consegues comer.
A sensação de estares a cair num infinito sem previsão de acordar e tocar o chão. Isso mesmo, a sensação de sonho permanente e eterno em que tudo o que olhas se transforma naquilo que desejas.
A sensação de quereres partir tudo á tua volta quando simplesmente mencionam o seu nome, consequência de toda a série de acontecimentos que levaram a este catastrófico fim.
A sensação de nó na garganta, causado por todas as lágrimas e desabafos retidos, por todas as histórias e previsões, pois estou a cair num infinito e tudo o que prevejo não passa de uma esfumada nuvem de nada, nada de bom. Mas é assim mesmo, enlevos violentos implicam violentos fins.
É toda esta sensação, e tudo o que sinto não está pertode maneira nenhuma da Felicidade alcançada outrora, mas sim a sensação de não vivência, de sobrevivência. Não vivo, sobrevivo, e quando me fizeste pensar nisso cheguei a esta brilhante conclusão. Não sei nada nos ultimos dias e até do sono fujo, porque de nada sonho eu se esse teu toque não me tivesse contagiado. Percebo que tudo de mim és tu, que isto não veio passar nem curar, que veio para ficar e se apoderar de toda a minha loucura e insanidade, que veio acabar com o pouco de resto de pura inocência e ingenuidade que me sobravam.
Mas hoje foi diferente, abri um pouco os olhos e finalmente senti sede, bati ao de leve no chão e pela primeira vez em tanto tempo, a dor que me corroía o interior foi substituida por dor fisica. Hoje por uns breves momentos fui sóbrio e percebi.
Percebi que eu estava apaixonado pela primeira vez...