sábado, março 22, 2008

Lágrimas Secam Por Si


Já há uns dias que não sei o que escrever, a Alice continua boa, saímos todos os dias e não querendo ser egoísta, acho que o tempo em que não estivemos bem ajudou para agora estarmos melhor que nunca; acima de tudo estou feliz agora, sinto-me livre, como talvez já tenha referido antes, mas sinto-me mesmo livre. As coisas mudaram, já respiro bem, já nada me sufoca, vivo diariamente com a pessoa que mais amei até hoje e nada sinto mais, claro que algo continua a residir em mim, mas não sinto ansiedade e muito menos lhe guardo rancor, simplesmente já me é indiferente.
É por isso que naquela festa onde me vi rodeado de pessoas que me eram completamente desconhecidas, desejei apaixonar-me. Desejei esquecer qualqer réstia de céu vazio e apaixonar-me... Talvez me tenha entuasiasmado demais e tudo não passe da maior das ilusões, mas eu realmente senti isso, senti a liberdade de me poder apaixonar ali, rodeado de desconhecidos à procura daquele que me podesse oferecer aquilo de que ando à procura nos últimos meses.
Senti-me realmente feliz, havia imensas pessoas novas e nelas eu via um potencial, ainda que eu não me apaixonasse eu precisava de refrescar a minha vida, precisava daqueles cubinhos de gelo que estudavam dança ou teatro para me encorajarem a seguir o meu sonho. Que me fizessem perder o receio de deixar tudo o que tenho, mudar de vida, cidade e ir à procura de mais gelo, do meu sonho. E acho que foi isso que me fizeram, acho que me convenceram que deixar tudo pelo teatro e pela representação vale a pena.
Hoje foi o dia dos namorados mais feliz de todos, saí com a Alice, com a Luísa, com o Manuel, o Miguel e a Ana e naquele momento não quis mais nada. Naquele dia não precisei de ninguém que me agarrasse e me prometesse que tudo iria ficar bem, pois estar ali a passear com todos eles foi bastante melhor, foi reconfortante.
Ainda vejo a mesma pessoa quando fecho os olhos, mas naquela festa gelada e naquele passeio de conforto não precisei dela. Não precisei de nada mais do que tinha por isso percebi que hoje a larguei, que para além de ter desistido há um mês atrás não estava pronto para ninguém novo, mas hoje estou!
Até podia ser tudo uma ilusão, mas naquela festa senti que me podia apaixonar e hoje estou pronto para que essa pessoa nova venha. Já há uns dias que não sabia o que escrever mas hoje quebrei o gelo.
Ps(I): Tears Dry On Their Own - Amy Winehouse
Golden Skans - Klaxons
Ps(II): Gerou-se alguma confusão. A Alice é a melhor amiga, não a tal pessoa que o João Paulo Ama.

sexta-feira, março 07, 2008

Pelos Céus Azuis


Já não me lembrava das saudades que tinha da Alice. É uma sensação de falta diária, ela faz parte de mim, preciso dela! Por isso ontem quando a vi me agarrei a ela e decidi nunca mais a largar, apertei-a de tal forma que ela teve de implorar para eu a deixar ou a sua terceira costela iria inevitalmente perfurar os seus pulmões.
Perdemo-nos no caminho para a cidade, não porque não o sabiamos, pois isso estamos fartos de saber, mas porque nos desviamos da estrada, rebolamos colina abaixo, batemos com as costas na relva e demos conosco ali deitados a olhar as nuvens. "Olha uma ovelha a ficar sem cabeça", "um pássaro sem asas", ficamos ali apenas, a analisar as nuvens e tudo pareceu perfeito. Naquele dia estava a viver o momento, ontem estava tudo perfeito pela simplicidade de estar ali com a Alice simplesmente a dar lárgas à mente enquanto observavamos as nuvens.
Não sei se era isto que merecia, o perdão da Alice, sentir-me feliz, largar a tortura, mas olhar as nuvens ontem foi melhor do que cada momento em que vi o amor a correr para mim, soube tão bem que era capaz de viver daquilo, da paz de analisar formas pouco consistentes no azul do céu. Não sei se era isto que merecia, mas sinto-me feliz.
Estou sentado na cama e observo a Alice a dormir ao meu lado ainda morta de sono, devem ser nove da manhã, mas não conseguia dormir mais. Ontem começou a escurecer e quando demos por nós já não se viam nuvens nenhumas, apenas haviam estrelas, as mesmas de sempre, as estrelas que observava quando me sentava no parapeito da minha janela e ficava ali a pensar no vão das coisas que fazia ultimamente, sozinho, quando toda a cidade já dormia, quando via um pirilampo ou outro a passar ao longe e invejava a sua liberdade. Mas ontem eu não estava sozinho, ontem não havia sinal de pirilampos e a Alice estava ali com a sua cabeça sobre o meu peito. Achei por bem levantarmo-nos e pormo-nos a andar, os meus pais deviam estar preocupados tal como os dela, mas como não queria separar-me dela, pedi-lhe que viesse comigo e que passassemos a noite juntos, apenas nós. Jogamos Trivial e ficamos debaixo dos lençóis aconchegados um no outro enquanto falavamos do último mês, fico feliz por ela não ter desistido nunca de mim, apesar de talvez ser isso o que eu merecia.
Neste momento a Alice acordou e saudou-me com um "Bom Dia" melodioso, já não me lembrava das saudades que dela tinha.
P.s.: For Blue Skies - Strays Don't Sleep
On A Saturday - Jacob Golden

segunda-feira, março 03, 2008

Talvez Amanhã


Fui mal educado ao ponto de nem me apresentar. O meu nome é João Paulo, tenho cerca de 16 anos e cometi um erro na minha vida. Todo o tempo ao longo de 5484 dias e mais alguns, pensei ser uma pessoa que se apaixonava com facilidade mas no fundo nunca me tinha apaixonado, no fundo apenas me apaixonei uma vez, e quer eu creia quer não, foi antes do dias 19 de Dezembro. Vá lá, admito que foi a pessoa errada, ou talvez não, mas o que importa é que não foi a certa, pois eu tinha tanto amor disposto a dar e não havia ninguém para o receber. Acho que me fartei por isso mesmo, pela acumulação excessiva de amor cá dentro, não mata ninguém, é um facto, mas reamente cansa, realmente me levou a desistir da pessoa a quem estive disposto a dar tudo de mim, a única vez que isso aconteceu.


Mas estou a tentar por o passado para trás, sinto-me incapaz de facto, mas ver a tal pessoa com outra e com uma nova vida agora, ajuda tudo a ser possivel. Sinto-me livre, saí de casa e sem perceber coloquei os meus óculos escuros, ao ínicio não liguei ao que se estava a passar, mas depois, depois percebi, olhei o céu e lá estava ele. O Sol irradiava mais que nunca, durante todo este tempo em que o céu estava vazio, em momento algum reflecti sobre o desaparecimento do Sol, mas agora recordo-me que aprendi com Camões que quando nos sentimos mal, tristes e profundamente desesperados, tudo à nossa volta se desvanece, que é triste também, por isso o Sol desapareceu.


Fechei a porta atrás de mim e pisei o asfalto, não tinha para onde ir, mas tinha de sair de casa, agora que era livre precisava de deixar o meu quarto onde me fechei durante tanto tempo do mundo, acabei com os candeeiros e a Luz amarelada que iluminava o meu quarto deu lugar a uma Luz negra. Mas hoje eu estava disposto a voltar à Luz amarelada, hoje estava disposto a deixar o meu quarto e não fechar mais a porta quando nele entrar.


Comecei a andar pela estrada de alcatrão e imaginei na minha cabeça o caminho que tinha de percorrer até à cidade, talvez ligasse à Alice e a convencesse a encontrar-me no meu caminho, talvez lhe ligue e lhe peça desculpa por ter sido um anormal nos últimos tempos, sim talvez lhe ligue e lhe diga isso, apesar de saber que ela me desculpa, apesar de saber que se trata da Alice e tudo com ela é fácil, que ela vai estar lá ainda que no ultimo mês a minha porta tenha estado sempre fechada para ela.


Não esqueci, mas desistir já foi um enorme passo, porque hoje sinto-me livre, o Sol está no céu, a porta do meu quarto está aberta, a Luz está amarelada e a Alice está a vir para se encontrar comigo no meu caminho.
P.s.: Maybe Tomorrow - Stereophonics