terça-feira, maio 25, 2010

Memórias Futuristas #17


Comecei a sentir uma onda de pânico dentro de mim e fiquei estático - assim que consegui peguei no meu telemóvel atrás das costas e enviei a mensagem que tinha guardado nos Rascunhos com a morada ao Rogério para que ele me pudesse vir buscar o mais rápido possível. Assim que o João reparou tirou-me o telemóvel da mão com facilidade (que a minha força começava a ficar escassa) e nem tenho a certeza que consegui fazer a mensagem chegar
-Vou embora João. Acabamos isto noutro dia...
-Não me parece que vás a lado algum Ricardo!
Quando disse isto atirou-se para cima de mim e começou a apalpar-me as pernas e a beijar-me o pescoço - tentava ao máximo soltar-me dele, mas não conseguia
-Porque me estás a fazer isto?
-Assim que encontrei o teu blog por um acaso soube que te queria para mim e tens de ser meu, entendes?
-Que estás a querer dizer?
-Nunca houve editora nenhuma Ricardo. Através do teu blog descobri que tinhas escrito um livro e daí a arranjar o teu número ou morada foi muito fácil.
-Tu és louco. Larga-me!
-Eu tentei ser um sedutor, tentei trazer-te a bem, mas tu não me deixavas.
-Então decidiste drogar-me?
-É para o teu bem!
Com alguma da força que me restava dei-lhe uma joelhada bem no meio das pernas que o fez ganir e cair para o lado; comecei lentamente e com alguma dificuldade a dirigir-me para a porta - mas estava trancada e não havia chave.
Ele estava a levantar-se e a vir em direcção a mim com alguma fúria aparente e eu que não podia das pernas fui de gatas (perdendo a força nos braços por vezes) para a casa-de-banho.
Não consegui chegar a tempo e ele agarrou-me o cabelo puxando-me para ele e fazendo-me gritar de dor, agarrou-me a t-shirt e rasgou-a sem hesitar e eu assim que pude dei-lhe uma dentada na mão que quase lhe arrancava um dedo fora. Aproveitei a distracção e tranquei-me na casa-de-banho com sucesso desta vez.
Ele gritava do outro lado, queria que eu abrisse a porta e eu estava a ouvi-lo cada vez mais longe - os meus sentidos perdiam agora afinação. Não tinha telemóvel, não tinha o Rogério, não tinha ninguém e quando o desespero me preencheu não consegui evitar as lágrimas de Medo.
Perdi o controlo sobre mim e deixei-me cair sem forças no chão de azulejo.

in Lisboa - Memórias Futuristas

Sem comentários: