quinta-feira, março 18, 2010

Memórias Futuristas #9


Há algo bastante relevante que não vos cheguei a contar...
Bem, eu nunca vos cheguei a dizer que o Rogério é polícia de intervenção, que é herdeiro de enormes propriedades, que o dinheiro é um dos seus fortes e que é totalmente anti-drogas (provavelmente pelo seu background).
Estava a sentir-me arrependido por tê-lo tratado mal e ele estava a dirigir-se a mim (nu como veio ao mundo e com cara desiludida) e eu pensei "Ricardo, é desta que levas na cara"; quando subiu para a cama e ergueu os braços fechei os olhos num movimento reflexo pronto a levar uma latada valente na cara.
Não.
Não foi isso que aconteceu: ele abraçou-me no peito como quem protege o maior tesouro da sua vida e eu a sentir-me a pior pessoa do mundo...
Estava com vergonha, mas não por estar sem roupa - mas por ele me ter despido emocionalmente - veio à minha cabeça as traições, o Diogo, a maneira como o trato e percebi que tudo que sempre quis estava ali - alguém que me amasse a sério. Tudo bem que pode parecer maricas demais, mas comecei a chorar ali no colo dele e não aconteceu nada a não ser as mãos dele a afagar-me o cabelo. Sem o fazermos, fizemos amor.
A minha vida estava a mudar ali: tomei decisões grandes como dedicar-me ao Rogério e definitivamente deixar o Diogo para sempre fora da minha vida. Vestimos-nos e viemos até à sala
-Ricardo, ainda bem que apareceste... Quero-te apresentar o nosso novo colega de casa; como ainda tínhamos um quarto vago e ele é simpático... Eu sei que não te vais importar!
O rapaz estava sentado de costas para mim e virou-se lentamente à procura dos meus olhos
-Até acho que já o vi em algum lado antes...
Claro que o viste Ana, pensei. Ele já cá tinha estado antes; a cara do Rogério era de desconfiança e ele ainda nem sabia o que estava a acontecer
-Olá Ricardo, eu sou o Diogo. Prazer...


in Lisboa - Memórias Futuristas

1 comentário:

Vera Matias disse...

Tens mesmo jeito pra novelas. x)